António Ramalho: "Não me sinto no centro de qualquer furacão"
Partidos insistem em investigação às perdas no Novo Banco e há mesmo quem peça renegociação dos contratos com fundo que comprou o banco em 2017.
António Ramalho, presidente executivo do Novo Banco, declarou nesta quarta-feira que não se sente "no centro de qualquer furacão" perante o aumento da pressão política para que seja feita uma investigação ao banco.
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"O que se passa são apenas falsas polémicas criadas em cima de operações (de venda de ativos) feitas ao melhor preço", afirmou em conferência de imprensa também transmitida online. Destacou que as alienações de ativos "não foram feitas de forma discreta" e que as vendas feitas com prejuízo aconteceram porque "os ativos anteriormente não estavam avaliadas da forma adequada".
O Ministério das Finanças anunciou na madrugada de segunda-feira que a auditoria externa feita pela Deloitte encontrou perdas líquidas de 4042 milhões de euros no banco que foi criado em 2014 para ficar supostamente com os ativos não tóxicos do Banco Espírito Santo (BES).
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Num comunicado divulgado ontem à tarde, o Novo Banco destacou que o relatório "evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo Banco no âmbito da resolução".
Mas junto dos partidos subsistem dúvidas sobre se a venda de ativos por parte do Novo Banco foi feita de forma que pode ter sido lesiva para o Estado. Um dos negócios que têm suscitado mais questões foi a venda da seguradora GNB Vida pelo Novo Banco a fundos da Apax, alegadamente a um valor muito inferior ao do mercado. E a compra terá sido financiada com crédito do próprio banco.
Segundo o acordo feito com a Lone Star, quando comprou 75% do Novo Banco em 2017, o banco pode requisitar até 3890 milhões de euros de capital ao Fundo de Resolução para cobrir perdas relativas a venda de ativos.
(em atualização)
Elisabete Tavares é jornalista do Dinheiro Vivo