Jorge Bravo é economista, integra o observatório da Segurança Social e Demografia da Sedes - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social e é consultor científico do INE e de grandes seguradoras nas áreas de gestão de risco e sistema de pensões. Foi membro externo da Comissão Interministerial da Reforma do Sistema da Segurança Social, entre 2014 e 2015, durante o governo de Pedro Passos Coelho e um dos coordenadores do Conselho Nacional Estratégico do PSD, durante o mandato de Rui Rio. Apesar de se assumir como independente, Jorge Bravo elogia a atual liderança laranja de Luís Montenegro e considera que o anterior primeiro-ministro tem condições para avançar com uma candidatura a Belém, apesar da marca negativa da troika.
Vários estudos apontam que, daqui por 48 anos, a reforma pode representar apenas metade do salário. Como evitar esta degradação das pensões?
Essas projeções são realistas. Elas resultam de alterações legislativas no passado, sobretudo pela alteração da Lei de Bases da Segurança Social que passou a considerar toda a carreira contributiva no cálculo da pensão inicial e, portanto, significa que os pensionistas receberão uma pensão que é o resultado da média do seu esforço contributivo ao longo do ciclo de vida e não apenas dos últimos anos, como era anteriormente, e isso fará com que haja uma diminuição significativa. Para além disso, muita gente sai antes da idade normal com penalizações e isso afeta ainda mais a taxa de substituição. Nos países onde houve reformas substantivas caminhou-se no sentido de diversificar as fontes de financiamento da proteção na velhice. Ou seja, não ter apenas o pilar público, que é fundamental, mas complementá-lo com os pilares ou da empresa ou o pilar individual que, em conjunto, formarão um nível de rendimento adequado na velhice, muito superior àquele que é perspetivado apenas dependendo do sistema público, que tem limitações, tem riscos substanciais, enfrenta uma demografia adversa.