21 setembro 2018 às 16h53

O 'campeonato mais longo de sempre' vai ser decidido este sábado

Praticamente um ano depois do seu início - precisamente 358 dias desde o arranque da prova em 29 de setembro do ano passado! - vai saber-se por fim quem é o campeão nacional de râguebi da época 2017/18 a discutir ente Agronomia e Belenenses, naquele que será o primeiro jogo da temporada 2018/19...

António Henriques

Cinco meses (!) depois das partidas referentes às meias-finais, Agronomia e Belenenses vão defrontar-se este sábado, no Campo A do Centro de Alto Rendimento de Rugby do Jamor, na final de atribuição do título da época 2017/18.

Foi a 29 de setembro de 2017, no nada habitual horário das 21.00 horas, que os agrónomos deram o pontapé de saída no principal campeonato português, vencendo sem contemplações o novo primodivisionário Benfica, por 97-0. O que os jogadores de Frederico Sousa não sabiam, nem poderiam prever, é que tinham realizado o jogo inaugural daquele que será pela certa o mais longo campeonato europeu, ou mesmo mundial, de toda a história!

E porquê este monumental atraso na realização da final? É que, a 28 de abril houve a tristemente célebre meia-final na Tapada entre Agronomia e Direito, numa partida marcada por agressões dentro e fora do relvado, que levaram Pedro Sarmento (juiz não oficial já que os árbitros se mostraram indisponíveis para dirigir os jogos das meias-finais) a terminar o encontro uns minutos antes da tempo regulamentar quando os agrónomos venciam por 15-12.

Após participação da Federação ao seu Conselho de Disciplina para apuramento "dos factos com relevância disciplinar e deles extrair as competentes consequências", o CD decidiu suspender 11 jogadores das duas equipas e um dirigente dos advogados e, numa medida radical e nunca antes utilizada, recomendou a penalização por falta de comparência injustificada implicando a despromoção dos dois clubes para a III divisão nacional e impedindo-os de regressar ao principal campeonato por um período de cinco anos!

A Federação concordou com a decisão por ser urgente "proteger a imagem da modalidade e defender os seus valores" e declarou de imediato o Belenenses - vencedor da outra meia-final com o Cascais (37-10) - como campeão nacional 2017/18.

Os dois clubes obviamente recorreram dos castigos e, golpe de teatro, a 13 de julho o Conselho de Justiça decidia anular a despromoção, validar o resultado final do Agronomia-Direito e, invalidando igualmente a decisão administrativa de conceder o título nacional ao Belenenses, insistia na realização da final entre agrónomos e azuis.

Consequência: o presidente da Federação, Luís Cassiano Neves, anuncia a sua demissão imediata e os destinos da modalidade passam a estar garantidos através de uma comissão de gestão.

E assim o primeiro encontro da temporada será uma partida decisiva - habitualmente a mais importante da época - e para a qual os dois quinzes partem com deficiente preparação, sem saberem muito bem o que os seus atletas poderão de momento produzir - e ainda por cima só poderão utilizar jogadores que se encontravam inscritos na altura, quando alguns deles até já partiram para outras paragens e os reforços entretanto contratados não poderão reforçar coisa nenhuma.

Para o técnico agrónomo Frederico Sousa, que já poderá recorrer aos seus atletas suspensos pelo CD - as suspensões foram temporárias e há muito que se encontram cumpridas... - mesmo tendo consciência de que "a preparação para esta final não foi a normal e os jogadores se vão apresentar sem ritmo e a frio", tem esperança no núcleo experiente e que dominou a época passada a nível nacional. Mas estará sem os seus três influentes fijianos (abandonaram a Tapada) e o lesionado Manuel Cardoso Pinto.

Já para João Mirra, o responsável do Belenenses, a final será uma novidade para os seus atletas e eles "por que é algo a que não estão habituados, vão querer aproveitar este momento em toda a sua plenitude e não só os 80 minutos do jogo". Reconhece as dificuldades de um primeiro encontro após tamanha paragem e sabe que vencerá "quem se adaptar melhor a este estranho cenário". Nos azuis estarão ausentes os dois neozelandeses da 1.ª linha que já não moram no Restelo e ainda o lesionado Duarte Moreira.

Esta será a segunda vez que as duas equipas se defrontam numa final do Nacional, dez anos depois do triunfo da equipa do Restelo por 22-21 e que valeu o derradeiro título azul em 2008, o sexto do seu historial. Agronomia só foi uma vez campeã nacional, em 2007.