14 julho 2018 às 18h03

Final: Deschamps pragmático, Dalic romântico

Didier Deschamps recusa euforia francesa e lembra lição do Euro 2016. Zlatko Dalic pede aos croatas que desfrutem a final do Mundial 2018 deste domingo (16:00, Estádio Luzhniki)

António Pedro Pereira

"Não há euforia", garante Didier Deschamps em relação à França que este domingo (16:00) entrará em campo para a final do Mundial 2018. O selecionador francês mostrou-se pragmático, lembrando a lição do Euro 2016 (favoritos, os gauleses perderam em casa com Portugal). Zlatko Dalic quer que os croatas desfrutem do "momento mais alto da vida de cada um".

"Vão, joguem o vosso futebol, não se acanhem, não fiquem inibidos", pediu o selecionador croata. A equipa dos balcãs parte teoricamente atrás do adversário, mas não há nada que, aparentemente, apoquente o treinador. Nem um histórico sofrível frente à França (três derrotas - uma nas meias-finais do França 98 que os anfitriões conquistaram - e dois empates). "Elas [as estatísticas] existem para serem apagadas", disse calmamente.

"O meu homólogo croata vai tentar que a sua equipa esteja o mais relaxada possível e com um certo equilíbrio. Há uma parte irracional que vai entrar em jogo também. Quero ser o mais pragmático", devolveu Didier Deschamps, que em ganhando a final do Luzhniki (Moscovo) se tornará no terceiro a ser campeão mundia, como jogador e treinador (depois de Mário Zagallo (Suécia 1958, Chile 1962 / México 1970) e Franz Beckenbauer (Alemanha 1974 / Itália 1990).

Considerando um enorme privilégio para todos os intervenientes poderem jogar uma final de um campeonato do Mundo, Deschamps tem uma receita prosaica para estar melhor preparado, e assim vencer, o jogo com a Croácia: "Serenidade, confiança e concentração", reclama o técnico, que garante que são a maximização destes três fatores e os dados obtidos da análise do adversário a aumentarem as possibilidades de vencer.

A lição da derrota na final em Paris do Euro 2016, com o eterno golo de Éder aos 109 minutos (prolongamento) a valer o título a Portugal, está absorvida. Até porque, como lembra Deschamps, mudou 14 jogadores do torneio de há dois anos para o Rússia 2018. "Infelizmente, nove sabem o que aconteceu", concluiu.

E se o francês foi pragmático, Dalic foi romântico. "Só podemos ver uma pequena parte do que se passa na Croácia. Só podemos estar felizes e orgulhosos com o que demos ao país. Apesar da crise, os croatas puseram para trás das costas os problemas e as dificuldades. Quer ganhemos quer percamos, amanhã haverá um tremor de terra na Croácia", garantiu.

"Já não há mais pressão, não vou acrescentar pressão antes de um jogo destes. É simplesmente o momento mais alto da vida de cada um de nós. Estamos preparados para aceitar a derrota com dignidade, se tal acontecer. Vamos representar o nosso país da forma mais digna possível. Se não conseguirmos ganhar, vamos felicitar o adversário. Se ganharmos, seremos os mais orgulhosos. Estamos aqui para desfrutar", concluiu o selecionador croata.