Desportos
06 abril 2019 às 20h49

As gerações douradas sucedem-se… e Portugal é tricampeão europeu de sub-20

Pelo terceiro ano consecutivo a seleção nacional sub-20 conquistou o título europeu depois de vencer, nesta tarde de sábado em Taveiro, a sua congénere espanhola por 7-5. E assim os Lobitos irão ser de novo os representantes europeus no World Rugby U20 Trophy, a disputar em julho, no Brasil.

António Henriques

Foi a mais suada das vitórias nas três últimas finais disputadas do Europeu - curiosamente sempre diante da Espanha, depois dos 12-5 em Bucareste em 2017 e dos claros 25-3 em Coimbra no ano passado (com os três marcadores dos ensaios, Duarte Costa Campos, Martim Cardoso e Duarte Azevedo, a alinharem hoje, um ano depois, na Lituânia, pela nossa principal seleção, o que mostra a natural evolução destes atletas) - mas voltou a ser um triunfo justo e merecido dos jovens treinados superiormente por Luís Pissarra, o antigo médio de formação internacional português que liderou e dirigiu mais uma vez estes Lobitos que, se calhar sem o génio e classe que alguns jogadores das anteriores seleções possuíam, mostraram contudo garra, determinação, atitude e um espírito de conquista que são, mais uma vez, de enaltecer.

E depois do triunfo desta tarde de sábado no estádio Sérgio Conceição (Taveiro), os Lobitos garantem assim nova presença como representante europeu no World Rugby U20eTrophy - o também denominado Mundial B do escalão - que será disputado entre 9 e 21 de julho, no Brasil (São José dos Campos, São Paulo).

E o jogo até começou muito mal para Portugal num lance digno de um programa de Apanhados: pontapé de saída para as nossas cores com um lobito ainda com a cabeça no balneário e desconcentrado colocado à frente do nosso chutador; óbvia falta e mêlée no centro do terreno para nuestros hermanos conquistada facilmente e o n.º 9 Aurrekoetxea a beneficiar de placagem falhada para arrancar e aos 59 segundos de jogo colocar a Espanha na frente, por 5-0!

Os espanhóis, que atingiram a final após excelentes exibições e amplos cabazes diante de Rússia (53-12) e Roménia (48-18) não podiam entrar da melhor forma e matar por fim um "negro borrego" que os atormentava desde 2016 chamado Portugal. Quanto aos jovens de Luís Pissarra, começaram por bater a seleção regional francesa da Nouvelle Aquitaine (27-10) e depois derrotaram a Holanda (22-12).

Mas como já se sabia, estes Lobitos são de "antes quebrar que torcer" e com espírito vencedor, logo caíram em cima da área espanhola, estreitando o adversário num apertado colete de forças. Aos 9" Jerónimo Portela (Direito) falhava uma penalidade e ao 18", uma carga no ar sobre Tomás Lamboglia (Caldas) obrigou o árbitro a mostrar amarelo a um espanhol.

Mas mesmo a jogar com menos um os visitantes ainda estiveram perto de fazer um segundo ensaio que poderia ser fatal (grande roubo de bola num miraculoso "turn-over" em cima da nossa área de ensaio - e como seria determinante para o desfecho final esta brilhante ação defensiva!).

Aos 38" novo espanhol (o talonador Cebrian) iria 10 minutos para o "banco do pecado" devido a cartão amarelo e, com vantagem numérica, os Lobitos finalizariam a 1.ª parte acampados de armas e bagagens na área de 22 contrária. Mas três faltas seguidas com opção por mêlée (onde dominávamos, é verdade...) acabariam por não dar qualquer resultado. E teria sido tão fácil dali tentar o pontapé aos postes...

A perder injustamente por 5-0 no descanso, Portugal reentrou com ganas de cedo virar as coisas a seu favor e nos primeiros 20 minutos do 2.º tempo só a turma nacional teve bola, com um domínio flagrante e ocupando maioritariamente a área de 22 espanhola.

Até que aos 55" uma impressionante sequência de "pick and goes" pelos avançados viu o talonador Rodrigo Bento (Técnico) cair na área de ensaio - mas com um adversário deitado a impedir o toque de meta, segundo o árbitro francês. Seguiu-se uma mêlée atacante a 5 metros ganha, com o médio de formação entrado ao intervalo Joquim Félix (CDUL) a escapar pelas franjas para o ensaio do nosso contentamento, convertido por Portela (7-5)

Só aí a Espanha se soltou da pressão portuguesa. Mas já era tudo demasiado tarde e as forças e o discernimento começavam a faltar. Até por que aí voltou a provar-se o ADN dos nossos sub-20 treinados por Luís Pissarra: abater tudo o que mexe e equipa com outras cores (com exceção do árbitro e auxiliares, bem entendido...).

Ao minuto 76 uma falta da nossa formação ordenada ainda deu uma réstia de esperança final a nuestros hermanitos, mas Sirvent desperdiçou a penalidade de longa distância... e o terceiro título europeu já não iria escapar graças a esta nova bela fornada de jovens jogadores. Consiga e saiba o râguebi português tirar todo o partido de mais uma geração dourada.