Desportos
18 maio 2019 às 17h03

A festa do 37. Do desabafo de Vieira e da Vespa de Eliseu à apoteose no Marquês

Após o triunfo (4-1) diante do Santa Clara, Vieira anunciou que ia duplicar o valor do prémio do título e desabafou que teve "uns tomates muito grandes". Já Bruno Lage, no discurso no Marquês, apelou a uma mudança de mentalidades.

DN

Por volta das 20.30 deste sábado, o árbitro Jorge Sousa apitou para o final do jogo. O Benfica, que só precisava de um ponto para se sagrar campeão, goleou o Santa Clara por 4-1 - golos de Seferovic (2), João Félix e Rafa - sagrando-se campeão nacional. Foi o 37.º título da história do clube e a festa foi abrilhantada pelo igualar do recorde de golos dos encarnados no campeonato numa só época: 103, tal como em 1963/64, ainda nos tempos de Eusébio e de outras grandes figuras da história do clube.

A festa rebentou imediatamente no relvado, nas bancadas e espalhou-se um pouco por todo o país e pelo mundo, com epicentro no Marquês de Pombal, para onde milhares de adeptos se começaram logo a dirigir mal o jogo terminou na Luz.

Após uns minutos de festa no relvado, os jogadores recolheram ao balneário. E foi ali, no local sagrado, que as câmaras da BTV captaram a chegada do presidente Luís Filipe Vieira. O líder benfiquista começou por anunciar que tinha dobrado o valor do prémio da conquista do campeonato, algo que mereceu uma enorme reação de alegria dos novos campeões, para de seguida soltar um desabafo: "Fui um gajo com uns tomates muito grandes."

Por entre muita festa, música e champanhe, os jogadores e treinadores voltaram depois ao campo para receber a taça de campeão, num palco montado para o efeito no relvado. Jardel, na qualidade de capitão da equipa, foi o primeiro a erguer o troféu, que foi trocando de mãos ao som da música "We Are The Champions". E Bruno Lage, o treinador, fez questão de vestir uma camisola com o n.º 37 com o nome de Jaime Graça nas costas, uma forma de homenagear o antigo jogador e treinador que foi o seu mentor.

"Vim para treinar a equipa B e acabei por ser campeão nacional. É um sonho tornado realidade. Resta agradecer a aposta do presidente em mim, ao Tiago Pinto e ao Rui Costa que me apoiaram nesta aventura. Foram muitas as pessoas que me ajudaram neste percurso. Mas a primeira homenagem tem que ir obrigatoriamente para o Jaime Graça", atirou Lage, de 43 anos, ainda meio emocionado.

De seguida, um dos momentos altos da noite, com a entrada de uma Vespa no relvado (a mesma celebrizada nos festejos do tetra há dois anos e que foi o museu do clube)... e com Eliseu a conduzir. O defesa, que andava desaparecido do mapa, tornou-se por momentos no herói da festa, saudado por jogadores, por Vieira e pelos adeptos. E juntou-se mesmo aos campeões nacionais no autocarro panorâmico.

A equipa do Benfica só saiu do Estádio da Luz em direção ao Marquês do Pombal por volta das 23.45, num autocarro panorâmico, escoltado por vários batedores da polícia. Minutos antes registaram-se desacatos fora do estádio, com adeptos a lançarem petardos e outro tipo de objetos na direção da polícia. Pelo menos uma adepta sofreu ferimentos e foi assistida no local por uma equipa do INEM. E 20 pessoas foram detidas, a maioria por posse de artigos pirotécnicos.

Depois foi a apoteose no Marquês de Pombal, o ponto final da consagração dos festejos do 37.º título de campeão da história do Benfica, junto às dezenas de milhares de adeptos que enchiam por completo a praça lisboeta - 500 mil, de acordo com a BTV. Um percurso que se tornou mais lento a partir da Avenida da República e da Av. Fontes Pereira de Melo, dada a quantidade de adeptos nas ruas. A chegada ao Marquês aconteceu por volta da uma da manhã, com toda a comitiva, Luís Filipe Vieira incluído, a subir depois a um palco montado para o efeito.

Os capitães Jardel e André Almeida transportaram a taça até ao palco, num percurso de 100 metros desde o autocarro feito numa passadeira vermelha. E depois exibiram-na aos adeptos, juntamente com Salvio. O troféu passou depois pelas mãos de todos os futebolistas, enquanto eram abertas garrafas de champanhe entre grande animação. Jonas começou a cantar "E o campeão voltou". Depois Jardel tomou a palavra, deixando uma mensagem a Bruno Lage e uma indireta a Rui Vitória, treinador que foi esquecido por toda a gente na hora dos festejos - "Lage recuperou-nos em todos os sentidos". E ainda elogiou Jonas e o presidente Luís Filipe Vieira - "esse cara para a gente é um pai".

Depois o microfone foi saltando de mão em mão até ao treinador Bruno Lage, que no seu discurso pediu uma mudança de mentalidades no futebol português. "Este título é vosso e dos jogadores. Uma palavra para o presidente que nos apoiou sempre e me deu esta oportunidade fantástica de ser treinador principal do Benfica, e à nossa estrutura. Depois elogiar o trabalho fantástico destes jogadores. Só vos quero agradecer o apoio e acho que chegámos justamente ao título 37. Queremos aproveitar esta reconquista para reconquistar os valores de Portugal. Temos de ser mais exigentes no futebol e na nossa sociedade. Não basta chamar nomes aos árbitros, aos treinadores, aos jogadores quando eles perdem e não correm. Se vocês tiverem a exigência que têm no futebol como nos outros aspetos do nosso Portugal, economia, educação, saúde, vamos ser um país melhor", atirou o treinador.

A terminar falou Luís Filipe Vieira. "Este foi o ano da reconquista do nosso orgulho, autoestima, do nosso amor próprio e do nosso título. Foi para vocês graças a estes homens, comandados por um grande profissional, o Bruno Lage. É a confirmação do trabalho que temos feito no Seixal. Hoje estão aqui oito jovens formados na Caixa Futebol Campus. No próximo ano queremos estar aqui novamente", referiu o líder do clube. Seguiu-se música, um espectáculo de luzes e não faltou Eliseu na sua Vespa em cima do palco, quase sempre com Jonas à pendura.

Nesta segunda-feira, às 18.00, os novos campeões nacionais serão recebidos na Câmara Municipal de Lisboa, na Praça do Município. Para mais um banho de multidão.