Luís Figueiredo fez parte do grupo que fundou a Juventude Leonina, juntamente com os irmãos Rocha, filhos do malogrado presidente João Rocha, e está de acordo com a decisão do Sporting em rasgar os protocolos assinados com duas das quatro claques do clube, entre elas a que ajudou a fundar.
Pode ser o fim da claque? "Eu não sei se pode ser o fim, mas o fim deste tipo de claque tem de acontecer pela sobrevivência do Sporting", respondeu ao DN o assessor do PS da Assembleia Municipal de Lisboa. O fundador da Juve Leo diz no entanto que é preciso não esquecer que "as claques foram utilizadas por diversas direções como tropas de choque contra jornalistas, contra árbitros, contra a estrutura do futebol, contra os adversários" e isso ajudou a que "ao longo dos anos se desvirtuasse o significado de claque".
E dá um exemplo. "Basta ver uma entrevista do antigo líder da Juve Leo, o Fernando Mendes, em que ele admite o recrutamento em bairros sociais de pessoas com características de violência consideráveis. Se isso é assim significa que os clubes estão sujeitos a uma tropa pretoriana que vive à custa do clube e de explorar outros sportinguistas, sem esquecer a intimidação a sócios para jogos eleitorais. Não foi isso que presidiu à fundação, que tinha como base o incentivo às equipas e uma forma de socialização e pacificação com o mundo do futebol", lembrou ao DN.
Luís Figueiredo diz que neste momento as claques não servem o futebol, bem "pelo contrário": "As claques do Sporting não servem o Sporting. A solução é colocar um fim a este modelo e reiniciar, recomeçar de forma a ter um apoio efetivo e afetivo e não claques que servem para intimidar os sócios do Sporting, alterar a correlação de forças dentro de um estádio de futebol e para atacar as direções."
Mas será este o timing certo? A equipa de futebol acabou de ser eliminada da Taça de Portugal e passa por mais uma crise de resultados. "Devia ter sido imediata à tomada de funções desta direção. Os sportinguistas vão perceber a necessidade imperativa de colocar um fim a estas pessoas que destroem o Sporting e o futebol português. A única possibilidade que o Sporting tem de continuar a ser o que foi até há uns anos é colocar um fim a este modelo de claque que destrói o Sporting, afasta o público de Alvalade e hipoteca o futuro. Já devia ter sido, não foi, é agora e ainda bem", disse ao DN.
No domingo, o Sporting anunciou que rescindiu "com efeitos imediatos" os protocolos que celebrou em 31 de julho com a Associação Juventude Leonina e com o Diretivo Ultras XXI - Associação, anunciou hoje o clube, devido à "escalada de violência" recente. Isto depois da direção leonina sofrer insultos, ameaças e tentativas de agressão por alegados membros dos grupos organizados de adeptos (GOA) durante a vitória no futsal frente ao Leões de Porto Salvo (6-1), no Pavilhão João Rocha.
Esta é uma medida sem precedentes para os lados de Alvalade e por isso a direção de Frederico Varandas ainda estuda a implicações do mesmo. Isto porque há adeptos das claques com Gameboxe anual (embora comprada com desconto) a quem não poderá ser vedada a entrada no recinto. No entanto, e para já, com o terminar do protocolo, os GOA, perdem as regalias que decorriam desse mesmo protocolo. A saber: Direito à Gamebox (estádio e pavilhão), perdem o acesso aos preços especiais (cerca de 50% do preço), perdem o direto a adquiri-los em mais prestações do que os restantes sócios, perdem o direito aos subsídios de viagens (jogos regulares) e também aos subsídios paras viagens extraordinárias (fases finais e a eliminar), perdem direito a participarem nas coreografias comuns e perdem os bilhetes cujo preço decorria do protocolo. Segundo o protocolo, as duas claques tinham acesso aos 875 bilhetes pré-pagos por jogo. Em cima da mesa está a possibilidade de o clube deixar de ceder espaços para os grupos se reunirem.
Agora resta saber as implicações da desta guerra e como os adeptos organizados vão reagir amanhã no jogo do Sporting com a Oliveirense (20.00), para o campeonato nacional de hóquei em patins. Um jogo, que segundo soube o DN, terá segurança reforçada, tal como o jogo de futebol de quinta-feira (frente ao Rosenborg, na Liga Europa).
O Sporting é o clube que conta com mais elementos registados nas suas quatro claques organizadas: Juventude Leonina (1.632), Diretivo Ultras XXI (709), Torcida Verde (358) e Brigadas Ultras (238).