Desportos
21 outubro 2019 às 20h46

Fundador da Juve Leo: "As claques do Sporting não servem o Sporting"

Luís Figueiredo muito crítico quando ao atual modelo de claque. Clube cortou relações com dois dos quatro grupo organizados de adeptos.

Isaura Almeida

Luís Figueiredo fez parte do grupo que fundou a Juventude Leonina, juntamente com os irmãos Rocha, filhos do malogrado presidente João Rocha, e está de acordo com a decisão do Sporting em rasgar os protocolos assinados com duas das quatro claques do clube, entre elas a que ajudou a fundar.

Pode ser o fim da claque? "Eu não sei se pode ser o fim, mas o fim deste tipo de claque tem de acontecer pela sobrevivência do Sporting", respondeu ao DN o assessor do PS da Assembleia Municipal de Lisboa. O fundador da Juve Leo diz no entanto que é preciso não esquecer que "as claques foram utilizadas por diversas direções como tropas de choque contra jornalistas, contra árbitros, contra a estrutura do futebol, contra os adversários" e isso ajudou a que "ao longo dos anos se desvirtuasse o significado de claque".

E dá um exemplo. "Basta ver uma entrevista do antigo líder da Juve Leo, o Fernando Mendes, em que ele admite o recrutamento em bairros sociais de pessoas com características de violência consideráveis. Se isso é assim significa que os clubes estão sujeitos a uma tropa pretoriana que vive à custa do clube e de explorar outros sportinguistas, sem esquecer a intimidação a sócios para jogos eleitorais. Não foi isso que presidiu à fundação, que tinha como base o incentivo às equipas e uma forma de socialização e pacificação com o mundo do futebol", lembrou ao DN.

Luís Figueiredo diz que neste momento as claques não servem o futebol, bem "pelo contrário": "As claques do Sporting não servem o Sporting. A solução é colocar um fim a este modelo e reiniciar, recomeçar de forma a ter um apoio efetivo e afetivo e não claques que servem para intimidar os sócios do Sporting, alterar a correlação de forças dentro de um estádio de futebol e para atacar as direções."

Mas será este o timing certo? A equipa de futebol acabou de ser eliminada da Taça de Portugal e passa por mais uma crise de resultados. "Devia ter sido imediata à tomada de funções desta direção. Os sportinguistas vão perceber a necessidade imperativa de colocar um fim a estas pessoas que destroem o Sporting e o futebol português. A única possibilidade que o Sporting tem de continuar a ser o que foi até há uns anos é colocar um fim a este modelo de claque que destrói o Sporting, afasta o público de Alvalade e hipoteca o futuro. Já devia ter sido, não foi, é agora e ainda bem", disse ao DN.

No domingo, o Sporting anunciou que rescindiu "com efeitos imediatos" os protocolos que celebrou em 31 de julho com a Associação Juventude Leonina e com o Diretivo Ultras XXI - Associação, anunciou hoje o clube, devido à "escalada de violência" recente. Isto depois da direção leonina sofrer insultos, ameaças e tentativas de agressão por alegados membros dos grupos organizados de adeptos (GOA) durante a vitória no futsal frente ao Leões de Porto Salvo (6-1), no Pavilhão João Rocha.

Esta é uma medida sem precedentes para os lados de Alvalade e por isso a direção de Frederico Varandas ainda estuda a implicações do mesmo. Isto porque há adeptos das claques com Gameboxe anual (embora comprada com desconto) a quem não poderá ser vedada a entrada no recinto. No entanto, e para já, com o terminar do protocolo, os GOA, perdem as regalias que decorriam desse mesmo protocolo. A saber: Direito à Gamebox (estádio e pavilhão), perdem o acesso aos preços especiais (cerca de 50% do preço), perdem o direto a adquiri-los em mais prestações do que os restantes sócios, perdem o direito aos subsídios de viagens (jogos regulares) e também aos subsídios paras viagens extraordinárias (fases finais e a eliminar), perdem direito a participarem nas coreografias comuns e perdem os bilhetes cujo preço decorria do protocolo. Segundo o protocolo, as duas claques tinham acesso aos 875 bilhetes pré-pagos por jogo. Em cima da mesa está a possibilidade de o clube deixar de ceder espaços para os grupos se reunirem.

Agora resta saber as implicações da desta guerra e como os adeptos organizados vão reagir amanhã no jogo do Sporting com a Oliveirense (20.00), para o campeonato nacional de hóquei em patins. Um jogo, que segundo soube o DN, terá segurança reforçada, tal como o jogo de futebol de quinta-feira (frente ao Rosenborg, na Liga Europa).

O Sporting é o clube que conta com mais elementos registados nas suas quatro claques organizadas: Juventude Leonina (1.632), Diretivo Ultras XXI (709), Torcida Verde (358) e Brigadas Ultras (238).