29 novembro 2016 às 00h10

Zé Roberto campeão aos 42 e com um lugar na história

Lateral-esquerdo é o mais velho a conquistar o Brasileirão - e pela primeira vez. Não pensa na reforma e quer seguir no Palmeiras

Isaura Almeida

"Au, au, au, Zé Roberto é animal." Foi ao som deste cântico que o famoso extremo e, agora, lateral-esquerdo do Palmeiras se sagrou campeão do Brasileirão pela primeira vez, aos 42 anos. O antigo jogador de Real Madrid e Bayern Munique tornou-se o jogador mais velho a erguer o troféu que lhe faltava num palmarés que conta, entre outros títulos, com quatro Bundesligas, uma Liga espanhola e uma Liga dos Campeões.

Zé Roberto tem ainda no currículo duas Copas América e outras duas Taças das Confederações com a seleção brasileira. Faltava-lhe o Brasileirão, que conseguiu no domingo. Aos 42 anos passou a ser o mais velho a consegui-lo. O recorde pertencia a Manga, guarda-redes bicampeão brasileiro com o Internacional aos 39 anos, em 1976.

Vinte anos depois de quase ser campeão pela Portuguesa (1996), o internacional brasileiro não podia estar mais feliz com a conquista: "Não poderia imaginar que entraria para a história do clube. Desde que cheguei que sabia da grandeza do Palmeiras e que o grupo tinha condições de chegar ao título."

Chegou ao Palmeiras em 2015. E foi contestado. Era um bom nome, mas, aos 40 anos, muitos questionavam o que ele ainda podia dar a um Verdão faminto de títulos. "Quando cheguei, falámos que era preciso resgatar a história do Palmeiras, que iniciava um novo ciclo. Hoje escrevemos o nosso nome na história do clube, que é campeão brasileiro. Tenho um sentimento de dever cumprido", escreveu no Facebook.

Apesar dos 42 anos, Zé Roberto não pensa em pendurar as chuteiras. Quer "viver o momento", o de ser campeão do Brasileirão pela primeira vez. E depois? "Nas férias vou ter tempo para falar com a família, mas depois dessa tarde maravilhosa não creio que seja o momento de terminar a carreira", disse o campeão brasileiro, que em 2015 já dissera o mesmo, após erguer a Taça do Brasil, também pelo Palmeiras...

Um quarentão em forma

Antes de chegar ao Palmeiras, Zé Roberto brincava com o assunto da idade e da boa forma. Dizia que um dos segredos era a falta de sexo. Como a mulher estava em São Paulo e ele jogava no Grémio, isso fazia que entrasse em campo com "vontade de sobra". Depois mudou-se para São Paulo: "Agora vou voltar à ativa. Preciso fazer golo em casa, voltar a namorar. Se não..." Para felicidade do próprio, da mulher e dos adeptos do Palmeiras, o regresso a casa não diminuiu o "vigor" em campo e ele conquistou a Taça do Brasil em 2015 e o Brasileirão em 2016...

Mais a sério, Zé Roberto explicou que se preocupa com a forma física. "Sempre me cuidei. Sempre fui muito profissional. Eu não bebo, não fumo. E sempre cuidei muito bem da minha alimentação", confessou o jogador, evangélico fervoroso. E revelou mesmo alguns cuidados que tem: "Desde que percebi que meu corpo é meu instrumento de trabalho, comecei a cuidar dele, e por isso ele é assim, bem cuidado. Sempre priorizei muito minha parte física, nas férias particularmente. Se tenho quatro semanas, paro duas, e a partir da segunda semana começo a fazer treinos funcionais."

Mas, para ser campeão também é preciso empenho nos treinos e motivação. E para ele, a de chegar ao título brasileiro foi o suficiente. Sem a velocidade de outros tempos foi utilizado mais vezes a lateral-esquerdo do que a extremo, e isso também ajudou a gerir o desgaste da época, tendo sido um dos pilares do título e feito 29 jogos. "Sou o primeiro a chegar porque sempre gosto de fazer reforço muscular (abdominal), algum reforço para as costas e articulação. Sempre fiz isso", revelou Zé Roberto, que nunca teve uma lesão grave em mais de duas décadas de carreira: "A genética ajuda!"