"Quiseram assassinar-me socialmente"
A caminho do restaurante escolhido por Bruno de Carvalho numa rua perdida de Telheiras, com vista para o Eixo Norte-Sul e uma paisagem de quintais urbanos onde crescem couves encostadas ao muro alto de painéis antirruído, inquieto-me com a decisão de almoçar com o presidente do Sporting. Estamos os dois atrasados. Eu porque não encontro a Tertúlia do Paço, um restaurante perdido numa rua larga igual a tantas outras daquele bairro de Lisboa. Bruno de Carvalho porque está sempre atrasado, apesar de o relógio Armani extra large saltar do pulso esquerdo. Reuniões, polémicas, uma agenda de maratonista - das oito da manhã à meia-noite, às vezes mais. Vida de dirigente desportivo vai sempre para prolongamento.
Uma das vantagens destes "almoços com" é o restaurante. O convidado escolhe o lugar e, em regra, faz disso cartão-de-visita. É o momento para alguma vaidade. Alguns conhecem o dono, trocam piadas com os empregados, fazem uma visita guiada pelo menu, ora veja isto, experimente aquilo. Bruno de Carvalho, não. Escolheu a Tertúlia do Paço porque era ao pé do Estádio José Alvalade e já tinha vindo aqui. Não se importa que a vista seja deprimente e o espaço uma daquelas quase marisqueiras que exibem um aquário enorme e a respetiva lagosta para criar ambiente - ou narrativa, como ele diria -, mas que de marítimo tenha muito pouco. A comida é o que se verá . Como chego mais cedo, é-me oferecido um pratinho com linguiça e outro com queijo de cabra. Quanto ao mar estamos conversados, embora já sentados escolhamos os dois a tranche de cherne na brasa - infelizmente, as suspeitas confirmam-se. O peixe não é do dia, deveríamos ter ido para o leitão que espreitava a lagosta pesarosa.
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