20 maio 2018 às 00h19

Salada russa de emoções na primeira Champions de Ronaldo

David Pereira

21 de maio de 2008 é um dia que Cristiano Ronaldo jamais esquecerá. Hoje campeão europeu de clubes por quatro vezes - pode vencer a quinta no sábado - e de seleções por uma ocasião, o internacional português tocou o céu continental pela primeira vez há dez anos.

Após ter caído nas meias-finais ante o AC Milan na temporada anterior, CR7 guiou o Manchester United à terceira Taça/Liga dos Campeões com oito golos durante a competição.

O oitavo foi apontado na própria final diante do também inglês Chelsea, no Estádio Luzhniki, em Moscovo, e presenciado por cerca de 67 mil espectadores. O avançado madeirense, então com 23 anos, recebeu um cruzamento da direita de Wes Brown e subiu ao segundo andar para cabecear para o fundo das redes da baliza de Petr Cech, que ficou pregado ao relvado, quando estavam decorridos 26 minutos.

Ainda durante a primeira parte, os red devils dispuseram de duas flagrantes oportunidades para dilatar a vantagem, ambas por Carlos Tevez, mas o argentino desperdiçou-as. E como quem não marca arrisca-se a sofrer, a formação orientada por Avram Grant chegou ao empate ainda antes do intervalo. Uma bola pontapeada de longe por Michael Essien desviou em Vidic e Ferdinand, o que levou Van der Sar a iludir-se e desequilibrar--se e Lampard a aproveitar as sobras para empurrar para a baliza da equipa de Alex Ferguson (45").

Tanto no segundo tempo como no prolongamento que se seguiu, foram os londrinos que estiveram mais perto do segundo golo. Valeram os ferros da baliza do United, que negaram os golos em Drogba e Lampard.

No desempate por grandes penalidades, já Nani tinha convertido o dele, estava 2-2 quando Cristiano Ronaldo permitiu a defesa de Cech e levou as mãos à cabeça. Coube a John Terry a responsabilidade de poder dar a vitória ao Chelsea. O central partiu confiante, tendo até ajeitado a braçadeira de capitão talvez já a pensar no momento de levantar a taça, mas escorregou na hora H e acertou no poste. No último pontapé, Anelka viu Van der Sar negar-lhe o golo e tornar-se o herói do regresso do Manchester United aos títulos europeus, nove anos depois.

Campanha começou em Alvalade

CR7, que na mesma noite foi do céu ao inferno e novamente ao céu, era um homem aliviado e eufórico no final da noite. "O sentimento é brutal. É a minha primeira Liga dos Campeões, é fantástico, é um grande momento para mim. Há muito que sonhava vencer este troféu. É magnífico", afirmou, enquanto olhava sorridente para a medalha, no culminar de uma campanha que começou em Alvalade, com vitória sobre o Sporting por 1-0, com um golo seu. Os leões, a Roma e o Dínamo Kiev foram as equipas superadas pela formação de Old Trafford na fase de grupos, seguindo-se Lyon, novamente Roma e Barcelona na fase a eliminar.

"Fiquei desapontado quando falhei o penálti, mas marquei durante o jogo. Isso é o mais importante. Tentei ajudar a equipa durante o jogo todo. Penso que marquei um grande golo. Falhei o penálti, mas isso acontece aos jogadores, é uma lotaria. O Chelsea podia ter ganho, mas ganhámos nós. Penso que o Edwin [van der Sar] fez uma grande defesa", acrescentou na altura, garantindo então que ia ficar no Manchester United. E ficou... por mais um ano.

A conquista da Champions, aliada à do campeonato inglês, e os golos que fizeram dele não só o melhor marcador das duas provas como das principais ligas europeias foram decisivas para a atribuição da primeira Bola de Ouro para o português.