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Desporto
21 setembro 2022 às 22h07

Ronaldo será em 2024 o jogador de campo mais velho a jogar um Europeu

Capitão afastou cenário de pré-reforma e mostrou ambição de ainda alinhar no próximo Europeu daqui a dois anos. Pisar a relva alemã poderá bastar para bater outros recordes.

Isaura Almeida

Aos 37 anos, a idade ainda não pesa a Cristiano Ronaldo, mas é preciso fazer contas aos 39 anos, quatro meses e nove dias que o capitão da seleção nacional terá no dia 14 de junho de 2024, data do início do próximo Europeu de futebol, para medir a ambição do português em jogar na prova. Se for (o sorteio da fase de qualificação é só no dia 9 de outubro), e jogar, CR7 fará história, tornando-se no jogador de campo mais velho a atuar num Campeonato da Europa, e o segundo se contabilizarmos guarda-redes.

Hoje perderia apenas para o carismático guarda-redes Gábor Király (Hungria), que jogou o Euro 2016 (ganho por Portugal) com 40 anos, dois meses e 27 dias. Até agora, o mais velho a jogar num Europeu sem ser guarda-redes é o alemão Lothar Matthäus, que tinha 39 anos, dois meses e 30 dias quando alcançou o feito, diante de Portugal (vitória por 3-0), na fase de grupos do Euro 2000 [ver tabela]. CR7 passará também a ser o mais velho entre os portugueses, batendo os 38 anos e 23 dias de Ricardo Carvalho no Euro 2016.

Se muitos dos grandes nomes do futebol mundial já estavam reformados à idade atual do português, poucos se mantiveram no topo como ele. E, no que toca a Ronaldo, é preciso elevar o nível: só seis Bola de Ouro/The Best chegaram aos 37 anos a jogar na seleção nacional além de CR7. Os outros foram o inglês Stanley Matthews, o espanhol Luis Suárez, o soviético Lev Yashin, o alemão Lothar Matthäus e o italiano Fabio Cannavaro.

A indefinição de início de época e os rumores de descontentamento e possível saída de Old Trafford podem ter beliscado a imagem de profissional de excelência do cinco vezes vencedor da Bola de Ouro/The Best (2008, 2013, 2014, 2016 e 2017), mas não o apagaram como grande figura dos red devils e da seleção nacional, onde já bateu todos os recordes possíveis: mais internacionalizações (189) e mais golos (117).

A nível europeu ninguém tem tantos jogos pelo país de origem. O único que se aproxima é Sérgio Ramos, de Espanha (180). E a nível mundial, CR7 perde apenas para Bader Al-Mutawa (Kuwait, 194) e Soh Chin Ann (Malásia, 195). CR7 pode bater esses números já no Mundial, desde que Portugal passe a fase de grupos.

O desejo de marcar presença no Euro 2024 foi manifestado na Gala das Quinas, na noite de terça-feira, quando foi distinguido pela Federação Portuguesa de Futebol. No discurso de agradecimento, confessou que já tinha "saudades de receber um prémio" e garantiu que a motivação e a ambição continuam lá bem no alto.

Para quem ousasse antecipar-lhe a reforma pelo inusitado início de época no Manchester United, CR7 avisou que não só espera estar no Mundial 2022 (20 de novembro a 18 de dezembro, no Qatar) como no Euro 2024 (14 de junho a 14 de julho de 2024, na Alemanha). E se recordarmos um desejo mais antigo - o de jogar até aos "40, 41 ou 42 anos" - ainda pode arriscar outro Campeonato do Mundo (2026).

O anúncio não surpreendeu quem com ele partilha o balneário tanto na seleção como no Manchester United. "Quem acreditava que o Cris não queria estar no Europeu não o conhece bem o suficiente. Nós conhecemos bem a capacidade de trabalho, a ambição, a resiliência dele. Não é uma novidade, sabemos que o Cris quer atingir coisas que outros nunca conseguiram. O Cris vai continuar a ter a mesma importância, seja agora ou daqui a dois, três, ou quatro anos", disse ontem Bruno Fernandes, antes do treino na seleção.

Saindo do Velho Continente, e olhando para dois dos melhores jogadores de sempre, Pelé e Diego Maradona - que rivalizam com Cristiano Ronaldo e Lionel Messi -, ambos já estavam reformados. O brasileiro já se tinha mesmo retirado. Fez o jogo de despedida com 36 anos, cinco depois de dizer adeus à canarinha (com 31 anos), pela qual venceu três Campeonatos do Mundo (1958, 1962 e 1970).

Maradona anunciou o fim da carreira no dia em que fez 37 anos. Fê-lo ao serviço do Boca Juniors, já depois de ter estado afastado dos relvados após testes positivos a controlos antidoping. A despedida da seleção argentina, pela qual conquistou o título mundial em 1986, aconteceu muito antes, aos 33 anos, durante o Mundial 1994, precisamente após ter testado positivo a uma substância proibida depois de um jogo com a Nigéria.

Aos 35 anos, Lionel Messi ainda joga no PSG e na seleção argentina.

isaura.almeida@dn.pt