Esperanças portuguesas fazem sonhar com troféu inédito

A seleção nacional Sub-21 venceu a campeã Espanha, por 1-0, graças a um autogolo de Jorge Cuenca e garantiu a terceira final europeia da sua história. Portugal conseguiu a 12.ª vitória seguida, um recorde da era Rui Jorge.

Chamam-lhe a seleção de esperanças por aquilo que os jogadores podem representar no futuro. E o futuro faz-se de esperança, talento, bom futebol e alguma sorte. Tudo isto conjugado ajudou os sub-21 nacionais a vencerem esta quinta-feira a Espanha, por 1-0, e assim garantiram um lugar na final do Campeonato da Europa.

No domingo, Portugal vai tentar conquistar o único troféu europeu que falta no museu da Federação Portuguesa de Futebol - todos os escalões das seleções nacionais já foram campeões... faltam os sub-21.

Finalista vencida em 1994 e 2015, ausente da edição de 2019, a equipa das quinas procura um inédito título à oitava presença numa fase final. Esta é a terceira final das esperanças portuguesas e a segunda do selecionador Rui Jorge, que comanda a equipa desde 2010.

Num europeu jogado a duas fases devido às restrições da pandemia, Portugal chega à final com um registo imaculado: cinco triunfos, 12 golos marcados e três sofridos. Há dois meses, na primeira fase, venceu Suíça (3-0), Inglaterra (2-0) e Croácia (1-0) e conquistou o direito a disputar os quartos-de-final, esta semana, com Itália. Duelo que venceu, por 5-3, no prolongamento, marcando encontro com a campeã Espanha nas meias finais (1-0).

Hoje, um autogolo de Jorge Cuenca acabou por dar o triunfo a Portugal, que assim chegou às 12 vitórias seguidas e estabeleceu um novo recorde da seleção de sub-21. Para chegar até aqui, Portugal superou os registos de 11 vitórias (uma vitória na fase final e 10 na fase de qualificação) entre 2003 e 2005, com José Romão e Agostinho Oliveira, e o de setembro de 2013 e a junho 2015 (um triunfo na fase final e 10 na fase de qualificação), com Rui Jorge.

Nesse ano, a seleção nacional perdeu o jogo decisivo, nas grandes penalidades, para a Suécia. No domingo, há nova tentativa de conquista do troféu. A final está marcada para as 20.00 (RTP1) e será frente à Alemanha (campeã em 2009 e 2017), que na outra meia-final venceu os Países Baixos, por 2-1.

Bola no poste e autogolo

Num jogo entre a Espanha, que só tinha sofrido um golo (e de penálti) desde 2019, e Portugal, que marcara em todas as partidas desde 2016, adivinhava-se um duelo empolgante e bem disputado dentro das quatro linhas. E foi isso que aconteceu, embora um pouco mais cerebral e tático do que os jogos vistosos que levaram ambas as equipas até às meias finais.

Portugal apresentou-se em campo com duas alterações relativamente ao encontro dos quartos-de-final com Itália. Abdu Conté apareceu no lugar de Tomás Tavares e Rafael Leão fez parceria com Dany Mota na frente de ataque. Os primeiros 45 minutos foram muito divididos. Espanha começou por ter o controlo do jogo, mas foi Portugal, num remate de Vitinha ao lado, a criar a primeira oportunidade de golo. Pouco depois, o médio obrigou Álvaro Fernandez a uma grande intervenção (14") para impedir o golo português. Os espanhóis causaram alguns calafrios à defesa portuguesa e a fechar a primeira parte Brahim Díaz apareceu entre os centrais e cabeceou à barra da baliza de Diogo Costa.

Com o 0-0 a persistir no segundo tempo e a Espanha a mostrar-se mais perigosa no ataque, Rui Jorge mexeu na equipa e fez a troca que tinha pensado na véspera. Com Daniel Bragança em dúvida, depois de ter sofrido um toque no jogo com a Itália, o selecionador nacional admitiu utilizar Tiago Tomás, mas o médio leonino recuperou e o extremo começou no banco. E foi a ele (e mais dois) que o técnico recorreu para mexer no jogo à passagem dos 60 minutos. Daniel Bragança, Rafael Leão e Dany Mota deram lugar a Romário Baró, Tiago Tomás e Jota.

De forma paciente (à imagem de Rui Jorge no banco), a equipa portuguesa soube construir oportunidades por si própria, embora o golo tenha chegado com ajuda de nuestros hermanos. O lance foi construído por Vitinha, que lançou Fábio Vieira na área, com o médio portista a tentar servir Tiago Tomás... Só que Jorge Cuenca tentou evitar que isso acontecesse e desviou a bola para a própria baliza, fazendo um chapéu ao guarda-redes. A infelicidade do jovem espanhol acabou por ser a felicidade dos portugueses, que depois disso ainda tiveram mais duas oportunidades para dilatar a vantagem.

"Não sei se é meu ou se é autogolo. O que interessa é a vitória", resumiu Fábio Vieira no final do jogo, assumindo: "Somos uma equipa muito unida. Essa é uma das nossas maiores forças. Sabíamos que Espanha ia obrigar-nos muitas vezes a defender com um bloco mais baixo. Eles têm muita qualidade. Agora é desfrutar. Estamos muito felizes por ir à final."

Rui Jorge: "Portugal teve alguma sorte no jogo"

Rui Jorge era um homem emocionado poucos minutos depois do final da partida com a Espanha, que colocou Portugal na final do Euro 2021 de sub-21. "É uma alegria tremenda chegar aos dois melhores da Europa neste escalão. É algo extraordinário e merecido para estes jogadores, sobretudo pelo trajeto que fizemos, afinal hoje alcançámos a 12.ª vitória consecutiva... não é fácil", disse o selecionador nacional à RTP1, antes de admitir que a sua equipa teve "alguma sorte no jogo", afinal "a Espanha fez um jogo muito bom, como aliás é normal".

No início da segunda parte de Portugal "teve de aguentar a pressão" do adversário. "Mudámos para 4x3x3 e as coisas acalmaram um pouco, mas não tivemos tanto controlo do jogo como é habitual", disse, para de imediato revelar o que lhe ia na alma: "É muita emoção. Estamos numa final, onde é muito difícil chegar."

isaura.almeida@dn.pt

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