Patrícia, Kikas e Miguel: três esperanças para 2018

Patrícia Mamona no atletismo, Frederico Morais no surf e Miguel Oliveira no motociclismo podem destacar-se nas respetivas modalidades no próximo ano

PATRÍCIA MAMONA

Ir ao europeu de ouro e querer sair de lá com a glória

Patrícia Mamona pode fazer história em 2018... se repetir o título europeu conquistado no triplo salto. Principal referência do triplo salto feminino em Portugal, a atleta mais consistente e mediática procura revalidar a medalha de ouro conquistada a 10 de julho de 2016 em Amesterdão. Um salto de 14,58 metros fez ecoar A Portuguesa e deu uma alegria enorme à atleta, que estabeleceu um novo recorde nacional de triplo salto feminino.

Com o ouro nos europeus de Amesterdão (2016), havia a expectativa de uma medalha nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Mas a atleta do Sporting ficou-se pelo 6.º lugar (entre 37 atletas), mas com um novo recorde nacional - uma marca de 14,65 m e a melhor classificação de sempre para o triplo salto feminino português.

Neste ano, Patrícia Mamona voltou a alcançar um feito de registo para o atletismo português, ao conseguir a prata nos europeus de pista coberta, em março, em Belgrado, na Sérvia, ao saltar 14,32 m e ficar a apenas cinco centímetros da nova campeã, a alemã Kristin Gierisch.

Foi já na qualidade de vice-campeã da Europa de pista coberta que participou nos mundiais ao ar livre de Londres e terminou em 9.º lugar.

Agora, a atleta portuguesa prepara-se para revalidar o título europeu nos campeonatos de Berlim, que se realizam entre 7 e 12 de agosto.

Desde que começou a competir, Patrícia pulverizou completamente todos os recordes nacionais do triplo salto, começando em 2003 nos iniciados com 11,69 m, para nos dois anos seguintes, já como juvenil, melhorar oito vezes a marca do escalão, até chegar ao 12,87 m durante o Campeonato do Mundo de Juvenis, disputado em Marrocos, onde ficou num honroso 7.º lugar. Em julho de 2009, durante o meeting de Salamanca, bateu pela primeira vez o recorde nacional absoluto do triplo salto, com a marca de 13,83 m, superando em seis centímetros a marca de Susana Costa. De então para cá melhorou as próprias marcas, tornando-se a primeira portuguesa a ultrapassar a barreira dos 14 metros. Iniciou a época de 2017 num grande momento de forma, realizando quatro concursos consecutivos sempre acima dos 14 metros, um dos quais valeu-lhe o 6.º título de campeã de Portugal, com um novo recorde dos campeonatos (14,05 m). Mas o novo máximo já vai nos 14, 65 m.

A beleza da atleta e o invulgar apelido Mamona (significa visionário na língua da tribo do pai, angolano do Uíge) andaram sempre de braço dado com os resultados. Mas em entrevista ao DN, neste ano, separou as águas: "Quero que me reconheçam por ser campeã e não uma miúda gira (...) o meu foco é ser atleta. Quando for muito velhinha ninguém vai querer saber da Patrícia Mamona que foi gira. Se for campeã olímpica fico para a história."

FREDERICO MORAIS

Manter-se na onda sem meter água e ambicionar vencer uma etapa

Kikas despediu-se da época com um honroso 14.º lugar na Liga Mundial de Surf (WSL) . O desempenho do surfista natural de Cascais no ano de estreia na elite mundial foi um bom aperitivo para a próxima temporada, que se espera ser a da afirmação da principal referência do surf português da atualidade entre os melhores do mundo.

Frederico Morais fechou o ano eliminado logo na 2.ª ronda do Billabong Pipe Masters, no Havai, a última etapa do circuito mundial, e viu o australiano Connor O"Leary ir mais longe na prova e ganhar o troféu de melhor estreante. Foi por apenas 50 pontos que Kikas não venceu o título de rookie de 2017.

No primeiro ano como membro do circuito mundial de surf, o surfista de 25 anos deu boas indicações para o futuro. Com um surf consistente, tornou-se o primeiro português a chegar a uma final de uma etapa e com possibilidade de a vencer. Foi em J-Bay Open, na África do Sul - perdeu para Filipe Toledo -, a onda preferida de Kikas, que terminou a prova em segundo lugar.

"O que de melhor retiro deste ano é a requalificação e o facto de poder viver tudo isto no próximo ano. Não estou feliz por o ano ter terminado como terminou, mas posso dizer que me diverti muito em 2017 e que senti o apoio de todos", escreveu Frederico Morais no Facebook, em jeito de balanço, antes de prometer trabalhar para melhorar o seu surf.

O desempenho do português, o segundo na história, depois de Tiago Pires, a competir na elite, não passou despercebido e o atleta de Cascais foi o 4.º surfista mais votado nos Surfer Poll Awards, que premeiam os surfistas mais populares do planeta.

A ambição de fazer mais e melhor são aperitivos para a segunda época de Kikas na Liga Mundial e com uma vitória em etapa em mente. Com J-Bay e Peniche nas prioridades para 2018, que conta com 11 provas. O mundial arranca em Gold Coast, na Austrália, a 11 de março, e termina no Havai, a 20 de dezembro. A grande novidade do próximo ano é uma etapa numa piscina de ondas artificiais, idealizada por Kelly Slater, em Lemoore, na Califórnia. Portugal volta a receber pela décima vez consecutiva uma etapa do circuito, entre 16 e 27 de outubro.

MIGUEL OLIVEIRA

O ataque ao mundial como assalto para o MotoGP em 2019

Após fechar a temporada 2017 com três vitórias consecutivas (Austrália, Malásia e Valência), nove pódios e duas poles em Moto2, a segunda categoria de motociclismo, Miguel Oliveira terminou o mundial na 3.º posição. Agora quer o título em 2018. "Sei que há uma lista de candidatos e eu insiro-me nela. É um objetivo para mim ser campeão. Há muitos pilotos que vão dar grandes dores de cabeça. Esta temporada fiz algo que se revelou muito importante e que foi não pensar nos outros. Estive muito focado em mim e em 2018 vai ser também assim", revelou o piloto de 22 anos (completa 23 dia 4 de janeiro).

Com 16 anos, Miguel tornou-se o primeiro português a participar no Mundial de Motociclismo, na categoria de 125cc, que se transformaria na atual Moto3, em 2012. Aos 20 anos venceu a primeira corrida nessa classe , terminando a temporada de 2015 como vice-campeão mundial. Subiu de escalão e começou a competir em Moto2. Foi assim, sem saltar etapas, que construiu o seu caminho no motociclismo de velocidade.

O sonho do piloto da Red Bull KTM Ajo chama-se agora MotoGP, algo que poderá ser uma realidade em 2019, com ou sem título mundial de Moto2 no próximo ano. "Prefiro passar à MotoGP como campeão. Se não conseguir, não há problema, mas com uma posição melhor mais portas se vão abrir", afirmou, perspetivando um campeonato "alucinante".

Natural de Almada, tornou-se o primeiro português a participar no Campeonato do Mundo de Motociclismo a tempo inteiro. Hoje é o piloto português que tem mais visibilidade mediática. E não tem medo da concorrência. O próprio criou neste ano um projeto pedagógico pioneiro em Portugal - o Oliveira Cup , um troféu dirigido a jovens dos 10 aos 14 anos e que tem como objetivo encontrar o seu "sucessor". Um projeto de sucesso que contou com 12 pilotos na primeira edição e que se vai repetir para o ano com a bênção do Miguel, que anda em cima de uma moto desde os 9 anos.

Para 2018, a grande novidade é a entrada do circuito tailandês no mundial, com o número de provas a crescer para 19. O Campeonato do Mundo de Moto2 tem início no dia 18 de março, no Qatar, e encerra no dia 18 de novembro, em Valência.

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