Vicente Moura "indignado" com Alexandre Mestre

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), Vicente Moura, afirmou hoje ter ficado "indignado" com o discurso do secretário de Estado do Desporto e Juventude (SEJD), Alexandre Mestre, no jantar do 103.º aniversário da instituição.

"Foram completamente inoportunas, isto é um jantar, uma festa, eu fiz a despedida do trabalho que fiz ao longo de 15 anos, que me orgulho, e o discurso do senhor secretário de Estado é completamente desinserido. Aproveitou para fazer uma súmula das ações do Governo, algumas positivas, mas outras inconsequentes. Agora vê-se bem que navega mesmo à vista", afirmou Vicente Moura, reagindo à intervenção do governante.

Alexandre Mestre encerrou as comemorações do 103.º aniversário do COP, no Museu da Marinha, em Lisboa, refutando críticas que Vicente Moura dirigiu ao Estado em algumas declarações à comunicação social, e destacando as ações do Governo na missão para os Jogos Olímpicos de Londres2012.

O secretário de Estado justificou as suas palavras, ditas "perante as pessoas e olhos nos olhos", com o dever de dizer o que o Governo tem feito.

"Até porque, muito recentemente e para grande surpresa do Governo, depois de um ano e meio de intenso esforço, articulação e empenhamento, para criar o melhor relação possível com o COP, ter sido afirmado pelo senhor presidente que este Governo navegava à vista, que não tinha qualquer direção e que se tinham perdido as ilusões quanto a este Governo", referiu Alexandre Mestre, em declarações aos jornalistas.

O governante salientou o pagamento "a tempo e horas" das verbas para prémios, preparação e para a missão olímpica, o apoio a iniciativas da Comissão de Atletas Olímpicos, a criação do seguro do praticante de Alto Rendimento, a intervenção junto das Finanças para desbloquear verbas para o judo e para o atletismo, assim como a "defesa intransigente para que o Tribunal Arbitral de Desporto se situe no âmbito do COP".

Questionado sobre se as criticas teriam causado mal-estar, Mestre rematou: "O Governo não tem de estar incomodado com críticas, o Governo tem de estar determinado em continuar a trabalhar".

Acusando Mestre de ter proferido "um discurso propagandístico", o presidente do COP recuperou uma passagem do seu discurso, quanto às suas opiniões sobre os governantes com quem lidou nestas funções.

"Eu fico a pensar que disse que conheci muitos ministros e muitos secretários de Estado, uns que gostei bastante e outros apenas gostei, eu tenho de dizer que deste eu apenas desgosto", frisou Vicente Moura.

"Lamento que este ato quase final tenha terminado assim, de facto estou indignado porque não merecia isto", frisou Vicente Moura, que deverá abandonar o cargo em março de 2013.

No entanto, o presidente do COP, que defendeu que o "desporto é uma tribuna livre", considerou "ótimo" o ambiente com que foi recebido o discurso do governante.

"Depois da intervenção dele, não houve uma única pessoa que apoiasse o discurso, toda a gente ficou revoltada e eu acho que o senhor secretário de Estado do Desporto e Juventude é um bom jurista e acho que devia voltar à sua profissão, deixando o Desporto às pessoas que o amam, que o conhecem e que são capazes de encarar com 'fair-play' as críticas e contrariedades da vida", retorquiu Vicente Moura.

O presidente do COP desresponsabilizou Alexandre Mestre da inexistência de uma verdadeira política para o Desporto em Portugal.

"Ele não pode ter essas dores, ele não é o Estado, está há ano e meio no Governo e não tem culpas do passado, nem de não haver uma política desportiva digna desse nome em Portugal, portanto não devia assumir essa dor interna como se tivesse sido criticado pessoalmente. Por mim, declaro encerrado este incidente, que será mais um na história do COP, indelevelmente marcado por um discurso inadequado do secretário de Estado do Desporto e Juventude", concluiu Vicente Moura.

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