Polícia que deu tiro nas costas de surfista alegou legítima defesa
Polícia militar foi acusado de homicídio e de conduzir sob o efeito do álcool. Alegou que Ricardo dos Santos estava armado com um facalhão.
O polícia militar autor dos dois tiros que mataram o surfista brasileiro Ricardo dos Santos foi acusado de homicídio e de conduzir sob o efeito do álcool. Três dias depois da reconstituição dos acontecimentos do dia 19, Luís Paulo Mota Bretano viu a sua alegação de legítima defesa ser recusada pelos responsáveis pela investigação. Finalizado o inquérito, o caso seguiu para o Ministério Público brasileiro que, segundo O Globo, irá agora decidir se avançará com o processo.
Apesar da conclusão do inquérito, a polícia ainda ficou com algumas dúvidas sobre o que aconteceu no dia do crime. Ricardinho como era conhecido, e o polícia militar (de 25 anos) terão discutido quando este estacionou o carro à frente da casa do surfista, em Santa Catarina. Na altura este estaria a arranjar um cano com o avô e o estacionamento impedia que pudesse continuar.
O polícia militar acabou por disparar dois tiros, um deles atingiu Ricardinho nas costas. Luís Paulo Mota Bretano alegou legítima defesa por alegadamente o surfista estar na posse de um facalhão, que não foi encontrado pela polícia brasileira.
O responsável pela investigação, Marcelo Arruda, salientou que alguns dos requisitos necessários para se alegar legítima defesa não ficaram demonstrados. "Não ficou comprovado que houve uma agressão injusta por parte da vítima e era necessário, caso tivesse ocorrido essa agressão injusta, que ele tivesse reagido de forma moderada. E não foi o que aconteceu, inclusivamente pelo disparo nas costas", referiu Arruda, citado pelo O Globo.
Numa nota publicada há uns dias, o polícia militar lamentou o que aconteceu e deixou a sua defesa: "Registo que, de facto, agi em legítima defesa e do meu irmão menor, cujas provas serão oportunamente produzidas, esperando que o apuramento dos factos não seja prejudicado pela grande comoção social."
Este não é o único processo que Bretano está a enfrentar. Num deles é acusado de agredir um jovem numa discoteca.
Ricardo dos Santos tinha 24 anos e era um dos surfistas estrangeiros que iria participar no Allianz Capítulo Perfeito, competição agendada para a praia de Carcavelos. O brasileiro já tinha competido em algumas provas do circuito mundial da modalidade.