02 maio 2018 às 00h13

Foi chegar, ver e ser campeão no regresso do Sporting ao voleibol

Leões bateram rival Benfica e voltaram a festejar, 24 anos depois. "Isto é o projeto do Sporting: ganhar", exultou Bruno de Carvalho

Rui Frias

Foi uma negra emotiva, cheia de reviravoltas e com um quinto set decidido pela margem mínima, a validar da melhor forma a aposta do Sporting no regresso ao voleibol: 24 anos depois, os leões voltam a ser campeões, logo na temporada em que decidiram resgatar a modalidade para a vida do clube. Um título conquistado ao rival Benfica, que ocupava o trono do vólei nacional, e que vai ficar na história também como o primeiro da era do novo Pavilhão João Rocha, inaugurado no verão passado.

Assim que Dennis confirmou o título sportinguista, com o último ponto de um quinto parcial fechado em 16-14, Bruno de Carvalho saltou para dentro do campo para festejar efusivamente com os jogadores a conquista do título que tornou vencedora mais uma aposta sua nas modalidades do clube. Com a camisola de Miguel Maia vestida, o presidente saltou, gritou, abraçou... chorou, até.

"É impossível conter as lágrimas. Este é o clube que amo e tudo o que quero é ganhar, chateie quem chatear. Não me interessa mais nada", disse aos microfones da Sporting TV, ele que durante a partida já passara da tribuna para a bancada, para o meio dos adeptos, quando o Benfica ameaçou a reviravolta, vencendo o segundo e o terceiro sets - a partida teve os parciais de 25-19, 19-25, 22-25, 25-17 e 16-14 e durou quase três horas.

"É para isto que trabalhamos todos os dias. Isto é dos sportinguistas. Apostámos em mais uma modalidade, 23 anos depois, e fomos campeões. É indescritível", rejubilava Bruno de Carvalho, lembrando a cultura de exigência que quer ver implementada no clube: "Os líderes motivam-se de vitórias, o resto é trabalho. Quem estiver comigo tem de saber isto: se não estiver aqui para conquistar vitórias, não está aqui a fazer nada."

Figura central no projeto do Sporting foi o veterano Miguel Maia, que aos 47 anos voltou a ser campeão pelos leões - tinha estado no último título, em 1994. "É indescritível. Já estávamos orgulhosos no primeiro dia em que chegámos ao clube. O Sporting regressou, com um projeto novo, mas é um clube muito grande com responsabilidades acrescidas e a pressão foi gigantesca. Mas conseguimos dar uma boa resposta e destaco a competência do nosso treinador. Somos os primeiros campeões nacionais neste pavilhão. Seremos relembrados para sempre", afirmou o capitão leonino, enaltecendo também a aposta e o papel do presidente.

"O presidente falou ontem [anteontem] mais de uma hora com todo o plantel. Ao contrário do que pensam as pessoas, o presidente é um valente, com um coração enorme, que ama o Sporting e deu-nos uma força interior para conseguirmos virar um resultado que parecia impossível", frisou Maia, que se abraçou a Bruno de Carvalho mal o título foi confirmado.

Já o treinador Hugo Silva realçou o sucesso de um projeto "muito desafiador", que "começou do zero". "Foi histórico para o voleibol, para o Sporting e para mim. É um título que não vou esquecer."

A festa sportinguista contrastou naturalmente com a desilusão dos benfiquistas, que chegaram a ter um ponto de encontro, aos 14-13 do quinto set. O técnico José Jardim, que vai deixar o comando da equipa ao fim de 18 anos, disse sentir "uma grande tristeza, mas um grande orgulho". "Lutámos até ao último ponto", enalteceu, para concluir: "Parabéns ao Sporting pelo investimento que fez."