01 abril 2018 às 00h47

FC Porto tricampeão pela segunda vez a cinco jornadas do fim

Há 10 anos. O FC Porto terminou o campeonato com 20 pontos de avanço sobre o vice-campeão Sporting. Teve ainda o melhor ataque, a melhor defesa e Lisandro López como máximo goleador da prova

David Pereira

Há dez anos, a 5 de abril de 2008, o FC Porto confirmou um dos títulos nacionais mais tranquilos da sua história, a cinco jornadas do fim. Os dragões, então orientados por Jesualdo Ferreira, receberam e golearam o Estrela da Amadora por 6-0, no Estádio do Dragão, no jogo de consagração.

Os golos madrugadores de Lucho González (8 minutos) e Tarik Sektioui (12") serviram para avisar os portistas que aquela era mesmo a noite em que o champanhe ia ser aberto. No segundo tempo, Ricardo Quaresma (64"), Maurício na própria baliza (71"), Bruno Alves (76") e o melhor marcador da I Liga nessa temporada, Lisandro López (86"), deram outra cor à festa azul e branca. Helton, Pedro Emanuel, Bosingwa, Fucile, Paulo Assunção, Raul Meireles, Mariano González, Mario Bolatti e Ernesto Farías foram os outros futebolistas dos azuis e brancos que estiveram em campo nessa partida.

Estava assim confirmado o 23.º título nacional - o 16.º de Pinto da Costa enquanto presidente - e o segundo (de três) tricampeonato da história do FC Porto, depois da sequência começada em 1994-95 e que só terminou com o penta, em 1998-99 - e cinco anos antes do tri entre 2010-11 e 2012-13.

Após o apito final do árbitro João Vilas-Boas, seguiram-se correrias dos jogadores à volta do campo - já com acessórios alusivos ao tri - e uma cerimónia de homenagem a todos os membros do plantel principal. Enquanto 50 mil adeptos comemoravam no Dragão, muitos mais o faziam nas ruas da Invicta, onde as buzinas, cânticos e palmas serviam de banda sonora.

Jesualdo lembrou Adriaanse

Mesmo visivelmente satisfeito com a goleada e a conquista do seu segundo campeonato, Jesualdo Ferreira serenou um pouco os ânimos, lembrando que havia "ainda cinco jogos para vencer na Liga e dois na Taça de Portugal".

"Estou muito feliz porque o FC Porto terminou um ciclo de jogos difícil com a obtenção do título de campeão a cinco jornadas do fim", acrescentou o técnico, recordando que a equipa foi "formada na base de Co Adriaanse", obreiro do primeiro campeonato da sequência (2005-06), mas que estava a ter "um trajeto ascendente", sempre de "forma séria, humilde, competente e com talento, que é, no fundo, a imagem do FC Porto".

Avanço grande mas faltou a Taça

Apesar do alerta dado pelo treinador natural de Mirandela, os portistas acabaram por ser derrotados em casa (0-3) pelo Nacional em partida da I Liga e pelo Sporting (0-2) na final da Taça de Portugal, decidida no prolongamento com um bis de Rodrigo Tiuí.

No final dessa edição da I Liga, chegaram a ser retirados seis pontos aos portistas no âmbito do processo Apito Dourado (referente a 2003-04), mas nem isso dificultou a conquista, uma vez que a equipa de Jesualdo Ferreira chegou ao final da 30.ª e última jornada com 20 (!) pontos de vantagem sobre o vice--campeão Sporting, de Paulo Bento. O Benfica foi quarto classificado, a 23 pontos. Pelo meio ficou o sensacional Vitória de Guimarães de Manuel Cajuda, a 22.

Os 75 pontos (em 90 possíveis) foram fruto de 24 vitórias, três empates e três derrotas, numa campanha em que os azuis e brancos foram simultaneamente o melhor ataque (60 golos marcados) e a melhor defesa (13) de um campeonato em que o avançado argentino Lisandro López foi, ao mesmo tempo, melhor jogador e melhor marcador (24 golos). Um feito notável, sobretudo para uma equipa que no início da temporada perdeu o central Pepe para o Real Madrid e o médio Anderson para o Manchester United.

No ano seguinte, o tri virou tetra, porque o FC Porto voltou a reinar no futebol português e Jesualdo Ferreira tornou-se o primeiro treinador luso a conquistar três campeonatos consecutivos.