16 agosto 2013 às 00h09

Aposta nos jovens da casa para tentar fazer milagres

Equipa de José Mota destaca-se pelo elevado número de jovens da formação, fazendo jus à sua história. Venâncio e Hassan vão tentar seguir pisadas dos pais

Manuel Fonseca

O Vitória de Setúbal vai atacar a temporada de 2013/14 fazendo uma grande aposta na formação. Nesta pré-temporada, são dez os "filhos da casa" que têm feito parte dos trabalhos de José Mota, embora alguns não devam fazer parte do plantel final. Esta pré-época, entre as equipas da I Liga, só o Sporting fez alinhar mais futebolistas das suas escolas.

Em declarações ao DN, Bruno Rebelo, coordenador técnico da formação do Vitória de Setúbal, sublinha que a aposta na formação "foi retomada com toda a força desde a entrada do presidente Fernando Oliveira". E revela que são 585 os jovens jogadores que atualmente trabalham nos vários escalões jovens do Vitória de Setúbal, escolas incluídas. Mas as condições estão longe de serem as melhores. "Só temos dois campos de futebol de 11 no Complexo Desportivo da Várzea e outro de futebol de 7, ao lado do Estádio do Bonfim", atira o responsável sadino, garantindo que "têm sido feitos autênticos milagres" e pedindo "mais apoio por parte da Câmara Municipal de Setúbal".

Mas quem são os dez futebolistas formados no Bonfim que têm estado a trabalhar com o treinador José Mota? Quatro deles eram juniores em 2012/13: Marlon, Hassan, Ricardo Horta e Ruben Vezo, embora o primeiro deva continuar a atuar pela equipa secundária, enquanto o segundo será provavelmente emprestado. Da época passada, transitam Frederico Venâncio, Miguel Lourenço e Kiko, regressando de empréstimos Peixinho, Moisés Ferreira e Gonçalo Reis.

"Todos os clubes portugueses deviam fazer esta aposta na formação, até pelas dificuldades financeiras que nos assolam. No entanto, a nossa escola distingue-se porque aqui tratamos os miúdos como se eles fossem nossos filhos, o que faz que se sintam muito bem aqui", defende Bruno Rebelo.

Filhos de peixes saberão nadar?

Frederico Venâncio é o mais mediático destes jovens, pois é filho de Pedro Venâncio, antigo capitão do Sporting que fez a formação em Setúbal. Curiosamente, também é defesa-central e nas últimas jornadas do campeonato passado assumiu-se como titular dos sadinos. O pai não lhe poupa elogios. "Penso que a maior virtude que tem é a grande vontade de aprender, tentando assimilar o que os treinadores lhe ensinam e seguir os conselhos que lhe dou", refere Venâncio ao DN.

E poderá Frederico atingir o nível do pai? "Espero que ultrapasse o que eu fiz! Tem condições para isso, mas, comosabemos, o fator sorte é essencial na vida e no futebol", afirma Pedro que, como é sabido, foi afetado por inúmeras lesões no joelho que prejudicaram a sua carreira. Curiosamente, Hassan, outro dosjovens sadinos, também é filho de umex-jogador que passou por um grande: o marroquino Hassan Nader, que representou o Benfica de 1995 a 1997 e que brilhou a grande altura ao serviço do Farense.

Esta aposta nas escolinhas sempre foi uma imagem de marca do clube, como lembra Tomé, antigo médio formado no Vitória nos anos 60 e que brilhou ao serviço dos sadinos e do Sporting. "Temos a felicidade de sermos o maior clube da zona, a larga distância de todos os outros. Claro que em Lisboa há o Sporting e o Benfica, mas já estão a 40 km de distância... Por isso, os miúdos querem todos representar o Vitória de Setúbal", considera.

Tomé, que trabalhou 18 anos na formação dos sadinos (reformou-se o ano passado), aposta nos jovens da casa, destacando um nome em especial. "O Ricardo Horta é um avançado com grandes potencialidades. Chegou ao Vitória nos juvenis, vindo do Benfica e logo demonstrou qualidades fora do vulgar. Acho que pode vir a ser um jogador bastante interessante", antevê.

Os elogios estendem-se a Venâncio, "um valor já seguro", e sobre Hassan destaca "o seu crescimento nos últimos anos e o bom campeonato de juniores que fez na época passada", revelando que quando chegou, vindo do Inter de Almancil, "apresentava grandes limitações". Hoje, com 18 anos, "é mais alto mas menos forte do que o pai".