Antigo árbitro implica Inter no 'Calciopoli'
Rosário Coppola denunciou ter sido pressionado pelo clube para "aligeirar" o testemunho junto das instâncias disciplinares
O ex-árbitro assistente Rosário Coppola implicou o Inter de Milão, actualmente treinado por José Mourinho, no processo Calciopoli (inicialmente conhecido por calciocaos), um escândalo de corrupção no futebol italiano que surgiu na Primavera de 2006 e envolveu outros clubes históricos. Num depoimento prestado no tribunal penal de Nápoles, Rosário Coppola denunciou ter sido pressionado pelo menos uma vez pelo Inter de Milão para "aligeirar" o seu testemunho junto das instâncias disciplinares num processo instaurado ao jogador colombiano Ivan Córdoba, que tinha sido expulso num desafio frente ao Veneza.
Coppola revelou que o pedido foi feito por intermédio do antigo responsável pela nomeação dos árbitros, Gennaro Mazzei, e que, por ter recusado alterar o seu testemunho, foi afastado do escalão principal.
"Mazzei chamou-me e disse--me que tinha um pedido do Inter de Milão para tentar reduzir a suspensão de Córdoba. Tinha de dizer que, em vez de um murro tinha sido apenas um empurrão. Mas não alterei a minha versão e, a partir daí, nunca mais participei em nenhum jogo da Série A", denunciou Rosário Coppola.
Ironicamente, o Inter de Milão foi um dos beneficiados pelo Calciopoli, já que o título conquistado pela Juventus na época 2005/2006 foi retirado ao clube de Turim, despromovido depois à Série B, e entregue, na "secretaria", ao emblema milanês.
A Juventus foi a mais penalizada, já que o envolvimento no Calciopoli relegou o histórico clube ao segundo escalão. Fiorentina (15 pontos), Reggina (11), AC Milan (oito) e Lázio de Roma (três) foram castigados com dedução de pontos no campeonato seguinte. A Comissão de Apelo Federal (CAF) aplicou ainda penas de suspensão a vários dirigentes. O ex-director da Juventus, Luciano Moggi, e o ex--administrador do clube, Antonio Giraudo, ficaram impedidos de exercer actividades de direcção no mundo desportivo durante cinco anos cada. O proprietário da Fiorentina, Diego Della Valle, e o presidente do clube, Andrea Della Valle, foram suspensos por 4 e 3 anos e 6 meses, respectivamente.