Desporto
13 maio 2021 às 05h00

Campeões da formação e dos minutos jogados

São 10 os jogadores made in Academia que festejaram o título. Em média, cada um tem mais de 1000 minutos em campo.

Mais jovens, mais jogadores formados no clube e mais portugueses no plantel. Estas são as três bandeiras que resumem o plantel do Sporting campeão. A formação sempre foi um bastião leonino, não fosse ela responsável por fazer crescer craques como Cristiano Ronaldo, Figo ou Futre, e consegue agora o primeiro título desde a construção da Academia, em Alcochete, no ano 2002.

São dez os jogadores made in Academia que festejaram o título terça-feira: Dário Essugo, Eduardo Quaresma, Luís Maximiano, Jovane Cabral, Daniel Bragança, Tiago Tomás, Gonçalo Inácio, Nuno Mendes, João Palhinha e João Mário. Juntos têm 10 768 minutos nas 32 jornadas do campeonato, o que significa que cada um esteve em média mais de 1000 minutos em campo, quase o dobro do que acontece com os atletas da formação do FC Porto (604) e praticamente o triplo em relação aos do Benfica (367).

E é caso para dizer que Rúben Amorim prometeu e cumpriu. "É um desafio que é a minha cara: apostar na formação, num desafio difícil e num clube muito grande", disse quando foi apresentado como treinador do Sporting. Uma das primeiras decisões foi chamar João Palhinha de volta a casa, depois de um ano promissor em Braga. O regresso do médio não foi pacífico e chegou a estar afastado do grupo até uma questão contratual ser desbloqueada e ele colocar todo o seu talento à disposição da equipa e acabar por ser o mais utilizado entre os formados na Academia.

O camisola 6 foi utilizado em 30 jogos, num total de 2412 minutos... mais 100 minutos (2312) do que o miúdo Nuno Mendes, a maior revelação do Sporting na temporada. Ambos têm mais minutos em campo do que o total dos cinco made in Seixal utilizados por Jesus na I Liga.

João Mário (1946), Tiago Tomás (1492) e Gonçalo Inácio (1268) também foram dos mais utilizados na caminhada para o título. O leão da Academia que menos jogou até agora foi Dário Essugo, mas os seis minutos que fez frente ao V. Guimarães, quatro dias depois de fazer 16 anos, colocaram-no na história do clube como o mais novo de sempre a jogar no campeonato pelo Sporting (batendo o recorde de Santamaria).

Essugo ainda tem mais duas jornadas para ganhar tempo, mas se não voltar a jogar iguala o número de minutos que fizeram de Custódio campeão em 2001-02. O agora treinador no desemprego, depois de ser escolhido para substituir Amorim no Sp. Braga, foi um dos quatro campeões formados em Alvalade há 19 anos, além de Beto, Ricardo Quaresma e Hugo Viana (atual diretor desportivo).

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Os números vão de encontro aos revelados num relatório do Observatório de Futebol, que há dias mostrava que o Sporting era (e é) o que mais recorre à prata da casa em Portugal. Um quarto dos minutos dos leões é da formação (26,3%), ou seja de futebolistas com pelo menos três épocas no clube entre os 15 e os 21 anos.

Até à 32.ª jornada cada atleta da formação leonina foi utilizado, em média, em 17, 8 jogos no campeonato, mais do que a média portista (14, 3) e benfiquista (7,6). O caso do Benfica é peculiar, no sentido em que há um jogador com apenas um minuto em campo (Morato).

Olhando para as idades dos 10 da formação utilizados por Rúben Amorim, dos 7 utilizados por Sérgio Conceição e dos 5 utilizados por Jorge Jesus os números são muito similares, sendo que a média acaba por ser mais elevada no Sporting (20,8) e no FC Porto (21,5) do que no Benfica (20,6) em boa parte devido à presença de dois atletas mais experientes em Alvalade e no Dragão: João Mário e Sérgio Oliveira, ambos com 28 anos.

O plantel leonino é também o mais português dos três grandes e o terceiro da I Liga com mais jogadores nacionais, depois de Belenenses SAD e Sp. Braga. São 20 os portugueses campeões - tantos como tinha o plantel que festejou o título em 2001-02. O FC Porto tem 12 jogadores portugueses e o Benfica conta com oito.

isaura.almeida@dn.pt