23 junho 2017 às 01h06

Campeão no sábado, vai para o segundo Europeu numa semana

João Pereira sagrou-se campeão da Europa de triatlo na Áustria, numa prova em que o também português João Silva foi terceiro

David Pereira

O triatleta português João Pereira viveu, no sábado, o "melhor momento da carreira", ao sagrar-se campeão europeu na distância olímpica (1500 metros de natação, 40 quilómetros de ciclismo e 10 km de corrida), na cidade austríaca de Kitzbühel.

"Foi o meu primeiro título e medalha num Campeonato da Europa. É sempre um grande orgulho. São provas com bastante competitividade, o que me deixa contente e com boas perspetivas", confessou o atleta do Benfica, que completou o conjunto dos três segmentos em 1 hora, 45 minutos e 31 segundos e venceu através de um sprint na reta da meta. "Foi uma prova bastante renhida. Fiz uma natação bastante boa, fui no pelotão durante o ciclismo e, na corrida, fomos num grupo bastante compacto até à última reta. Aí percebi que podia ser campeão europeu", recordou o homem português com a melhor classificação de sempre numa competição de triatlo nos Jogos Olímpicos, o 5.º lugar alcançado no ano passado, no Rio de Janeiro.

Contudo, o título europeu alcançado na Áustria pode ser apenas o primeiro... no espaço de uma semana. O triatleta do Benfica, 29 anos, está já em Dusseldorf, na Alemanha, onde se encontra a preparar o Campeonato da Europa da distância sprint (750 metros a nadar, 20 quilómetros a pedalar e 5 km a correr), que se vai realizar amanhã. Nova conquista? "É sempre complicado, porque vão estar lá os melhores da Europa, mas vou lutar pelas medalhas", prometeu João Pereira, que garante estar a "recuperar o melhor possível" do esforço do último fim de semana. "Tem tudo para correr bem", vaticinou, em conversa com o DN, admitindo que as provas mais curtas o favorecem: "Sou bastante rápido e explosivo. Gosto muito da distância sprint, embora treine mais a olímpica."

Entrada tardia e evolução lenta

Natural de Caldas da Rainha, João Pereira tem estatuto de atleta de alta competição desde os 19 anos, uma idade tardia segundo o próprio. "Entrei um bocado tarde na alta competição, mas tenho tido um percurso ascendente. Fui dando passos pequenos e os resultados têm aparecido lentamente", conta o triatleta, que começou "bastante bem" a época, com uma vitória numa Taça da Europa.

E numa fase em que começa a obter triunfos em competições importantes no contexto internacional, torna-se inevitável falar dos próximos Jogos Olímpicos, que terão lugar na capital japonesa, Tóquio, em 2020. "Estar presente é sempre um objetivo, mas até lá tenho vários Campeonatos do Mundo, da Europa e as próprias qualificações. Medalha olímpica? É sempre um grande sonho, mas é bastante complicado", vincou, com pragmatismo.

Já não vive no Jamor

Depois de ter obtido o 5.º lugar na prova de triatlo do Rio 2016, João Pereira falou aos jornalistas e aproveitou para pedir aos dirigentes desportivos para criarem condições aos atletas, referindo-se ao Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor. "Estou lá há dez anos e neste período não houve melhorias. Se querem medalhas têm de criar condições. É como ter uma empresa portuguesa e querer vê-la entre as três melhores do mundo. Não é fácil, pois não?", afirmou, na altura.

Quase um ano volvido, o triatleta do Benfica revela que "não houve melhorias a salientar" no CAR, apesar de alterações em "pequenas coisas". "Estamos a falar de estruturas antigas, sobretudo quando comparadas com as de outros países. São necessárias grandes alterações", atirou, ainda que diga perceber que "grandes alterações implicam uma grande verba".

Para melhorar as próprias condições, João Pereira alugou, juntamente com colegas, uma casa perto do CAR, "porque as condições e os horários não cumpriam os requisitos". "Foi um passo importante e sinto-me melhor atleta também por isso", revelou, descrevendo o Centro como "uma oportunidade para poder estudar e treinar ao mesmo tempo, mas um espaço desatualizado para quem procura medalhas". "Os principais atletas das várias modalidades não vivem lá", lembra.