Ao ano de sonho de Rafa Nadal segue-se o tira-teimas com Federer

Espanhol conquistou categoricamente pela terceira vez o US Open, reflexo de uma época fantástica e inesperada e com números idênticos aos do seu eterno rival. O ATP World Tour Finals será mais uma batalha com o tenista suíço

Poucos ou quase nenhuns esperavam o ressurgimento de Rafael Nadal como figura de proa do ténis mundial. Após três anos com muitos problemas físicos, o tenista que mais utiliza o corpo como arma, está a ter uma época surpreendente. Na madrugada de ontem venceu pela terceira vez o Open dos Estados Unidos (US Open) diante do sul-africano Kevin Anderson, que perdeu em singelos três sets, sinal de que nunca chegou a ameaçar verdadeiramente a vitória de Nadal. E isto sob os olhares de gen-te ilustre como Bill Gates, Tiger Woods, Matt Dillon, Tony Bennett, Tommy Hilfiger, Jerry Seinfeld e até António Guterres.

Mas, como dizíamos, este está a ser um ano inesquecível para o atleta de 31 anos. Ao todo são cinco títulos mais três finais. Entre os triunfos contam-se dois do Grand Slam - Roland Garros, o "seu" torneio que venceu pela 10.ª vez, e o US Open - e ainda Monte Carlo, Barcelona e Madrid. Entre as finais perdidas, estão duas para Federer - Austrália e Miami - e uma para Sam Querrey - Acapulco.

Uma época em que as lesões não perturbaram o espanhol, que apenas perdeu nove sets. Inclusivamente, pode ter alcançado, finalmente, a glória que lhe faltava para se tornar o melhor tenista de sempre em terra batida. Para isso muito contribuíram os êxitos em Roland Garros e Monte Carlo. Em ambos os torneios venceu pela décima vez. E, como se isso não bastasse, esta temporada suplantou o número de vitórias absolutas no pó de tijolo, cujo domínio pertencia ao argentino Guillermo Villas com 49 êxitos - Nadal tem agora 53.

Longe vão os tempos que se seguiram a julho de 2014, altura em que perdeu a liderança do ranking. As lesões tornaram-se um calvário. Primeiro as costas, depois o pulso direito, de novo as costas, que motivou um tratamento celular, dores musculares na perna direita e os pulsos, uma e outra vez. Foi assim de julho de 2014 ao início de 2017, com algumas suspeições de doping pelo meio, e a sentença de que estava quase acabado para o ténis. Nada mais falso.

Agora resta-nos esperar por Londres em novembro, onde vai decorrer o ATP World Tour Finals entre os oito tenistas mais bem colocados no ranking. Sem desprezo para ninguém, o que interessa mesmo, como nos bons velhos tempos, é o duelo entre Federer e Nadal. E eles, neste momento, não podiam estar mais igualados: em 2017 cada um venceu cinco torneios ATP, dois dos quais Grand Slam.

Londres representa um tira-teimas, mas para Nadal é a oportunidade dourada de vencer uma prova que lhe falta no palmarés e também de se tornar o primeiro tenista de sempre a ganhar tudo o que há para conquistar na modalidade: os quatro torneios Grand Slam, os nove torneios ATP 1000, o ATP World Tour Finals e o ouro olímpico.

Roger Federer tem mais cinco anos que Rafa Nadal mas falta-lhe Monte Carlo, Roma e ainda os Jogos Olímpicos em singulares - já o fez em pares. E isso só o conseguirá fazer quando tiver 39 anos, se ainda for tenista nessa altura. Por isso se percebe a importância do fecho de temporada na capital do Reino Unido, isto apesar de o helvético ter vencido 19 torneios do Grand Slam, mais três do que Nadal. "Penso que aquilo que nos distingue e que temos em comum é a paixão por este desporto. E isso faz-nos querer continuar a melhorar a cada dia. Penso que isso faz toda a diferença. Não penso muito na minha rivalidade com ele, não é essa rivalidade que me motiva para continuar a jogar, mas estou muito feliz por poder vivê-la. Somos bons amigos", disse Nadal sobre Federer após o encontro de Nova Iorque. Curiosamente estes dois tenistas não ocupavam a liderança e a vice-liderança do ranking desde março de 2011.

Aqui fica por saber onde começa o mérito do escocês Andy Murray e do sérvio Novak Djokovic e onde acaba o demérito ou a infelicidade com lesões dos dois primeiros do ranking mundial masculino.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG