25 abril 2011 às 12h51

Inquérito a médico de Armstrong envolve campeão italiano

A investigação a Michele Ferrari resultou em mais três buscas das autoridades de Itália, incluindo à casa do campeão italiano Giovanni Visconti. O médico e preparador físico é visado por um inquérito autónomo que decorre da investigação lançada nos EUA a um dos seus antigos clientes mais famosos, Lance Armstrong, por suspeitas de utilização de fundos públicos para doping.

Duarte Ladeiras

Segundo a Gazzetta dello Sport, o NAS, corpo antifraude e de saúde dos Carabinieri, especializado em operações antidopagem, realizou na quina-feira buscas a Visconti, ciclista da Farnese e campeão italiano de estrada em título, Diego Caccia, corredor da mesma equipa, e Morris Possini, da Sky.

Os agentes procuravam indícios de ligações entre os ciclistas e Ferrari. Qualquer corredor com licença italiana está proibido de recorrer aos serviços deste médico, mesmo que legais, sob pena de ser suspenso entre três e seis meses. Ferrari foi julgado e condenado em Bolonha, em 2005, por fraude desportiva, através da dopagem de atletas, mas apresentou recurso e não cumpriu pena porque o crime prescreveu. Mas continua a exercer fora de Itália, trabalhando com ciclistas em Tenerife, Espanha, durante os meses de Inverno, e em Saint Moritz, na Suíça, durante o resto do ano.

A investigação a Ferrari foi desencadeada na sequência dos encontros, no ano passado, na sede da Interpol, em Lyon, França, entre as autoridades norte-americanas e polícias e magistrados de vários países europeus. Os EUA investigam se foram usados fundos públicos da US Postal em práticas dopantes na equipa de Armstrong que era patrocinada pelos serviços postais norte-americanos, em seis dos sete anos em que o texano venceu a Volta à França.

A investigação autónoma a Ferrari segue o rasto do dinheiro que terá sido pago ao médico por inúmeros atletas de alta competição, cerca de 15 milhões de euros. Além dos indícios de dopagem, há suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, fuga ao fisco, conspiração e fraude (ver relacionados). Vários países colaboram no inquérito e foi possível convencer a Suíça a congelar as contas do preparador físico.

Em território italiano é Benedetto Roberti, magistrado de Pádua, quem lidera a investigação. Antes das buscas noticiadas neste artigo, Roberti já tinham ordenado várias operações nas últimas semanas. Primeiro os Carabinieri foram à sede da equipa Katusha, na província de Brescia, para exigirem os passaportes biológicos de cinco ciclistas russos: Alexander Kolobnev, Vladimir Karpets, Mikhail Ignatiev, Vladimir Gusev e Evgueni Petrov, que agora compete pela Astana. Logo a seguir, os investigadores foram aos quartos de hotel de Michele Scarponi e Leonardo Bertagnoli, ciclistas da Lampre que treinavam nas encostas do Monte Etna, na Sicília. Scarponi negou qualquer ligação a Ferrari.