Desporto
29 junho 2022 às 17h25

Títulos do Sporting não crescem. Federação mantém tudo na mesma

Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol desta quarta-feira manteve tudo na mesma. Benfica tem 37 títulos, FC Porto 30 e Sporting 19.

Ficou tudo na mesma no que à história dos títulos de campeão nacional português diz respeito. O Benfica tem 37 títulos, FC Porto 30 e Sporting 19 (em vez dos 23 que reclamava). Belenenses e Boavista têm um campeonato cada no palmarés. A proposta de não recontagem do número de títulos e de Taças de Portugal levou ontem a melhor na votação na Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol... ao contrário do defendido pelos leões, que reclamavam mais quatro títulos para o seu palmarés.

O clube, pela voz do vogal da direção do Sporting, Miguel Nogueira Leite, não quis falar em "derrota" e apelidou o veto como "uma não decisão". Segundo o dirigente leonino, "o tema mantém-se vivo", até porque, segundo ele, os delegados julgaram-se "incompetentes" para analisar a questão. "Ficou a ideia geral que o conjunto de delegados, embora interessados pelo tema, entenderam que repõem a pergunta aos órgãos de decisão porque se calhar não são eles que têm de tomar esta decisão pela complexidade que a questão encerra", referiu Miguel Nogueira Leite.

"Apesar de tudo" a proposta do clube de Alvalade teve uma "não-subscrição que é expressiva" e por isso os leões irão analisar a melhor forma de agir. E com uma certeza: "A questão tem pernas para andar. Não houve um parecer que tenha sido votado em detrimento de outro. É uma não-subscrição destes pareceres. O tema mantém-se automaticamente vivo."

Dos 84 delegados, 33 dos delegados presentes optaram por não mexer na história, enquanto 13 disseram sim ao parecer nº1, um delegado votou pelo parecer nº2 e oito escolheram o parecer nº3 (o do Sporting). Sete dos delegados abstiveram-se, numa votação que foi secreta.

Foram a votos três pareceres. O primeiro defendia que os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1921-22 e 1933-34, e do Campeonato da Liga, disputado em simultâneo, a título experimental, entre 1934 e 1938, fossem declarados campeões nacionais, enquanto os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1934-5 e 1937-38 seriam consagrados como vencedores da Taça de Portugal. O segundo identificava o Campeonato de Portugal como antecessor da Taça de Portugal, que começou a ser disputada em 1938-39, e o Campeonato da Liga como correspondente do campeonato nacional.

E o terceiro, apresentado pelo Sporting, que já em 19 de janeiro de 2019, tinha levado o assunto à Assembleia da República (através de uma petição liderada por Alexandre Silva Almeida, com 4470 subscritores). Da autoria de Diogo Ramada Curto e Bernardo Pinto da Cruz, a proposta defendia que os vencedores do Campeonato de Portugal, entre 1921-22 e 1938-39, e do Campeonato da Liga, disputada em simultâneo, a título experimental, entre 1935 e 1938, fossem declarados campeões. O Sporting venceu o Campeonato de Portugal em 1922-23, 1933-34, 1935-36 e 1937-38 e queria o reconhecimento desses quatro títulos extra.

Apesar desta ser uma luta leonina havia mais clubes que poderiam beneficiar com ela: O FC Porto, que venceu o Campeonato de Portugal por quatro vezes (1921-22, 1924-25, 1931-32 e 1936-37), o Benfica (1929-30, 1930-31 e 1934-35) e pelo Belenenses (1926-27, 1928-29 e 1932-33) e uma pelo Olhanense (1923-24), pelo Marítimo (1925-26) e pelo extinto Carcavelinhos (1927-28). Já o Campeonato da Liga ou Liga Experimental foi vencido três vezes pelo Benfica (1935-36, 1936-37 e 1937-38), depois da conquista do FC Porto na estreia (1934-35).

Desta forma, o Sporting teria 23 títulos de campeão nacional, ao invés de 19, o FC Porto totalizaria 33 em vez de 30, enquanto o Benfica manteria os 37 (mais três do Campeonato de Portugal e menos três da Liga Experimental). Já o Belenenses passaria a somar quatro títulos (venceu três no Campeonato de Portugal) e o Olhanense, o Marítimo e o Carcavelinhos entrariam para a lista de campeões portugueses, já que venceram o Campeonato de Portugal por uma vez.

A alteração ao Regulamento Disciplinar da Liga não foi sequer votado. A AG Extraordinária da Federação, que tem lugar nesta quarta-feira, suspendeu a votação da ratificação do Regulamento Disciplinar da Liga, nomeadamente a proposta para alterar o artigo sobre a cedência de jogadores à seleção nacional ficou assim sem efeito.

"Uma suspensão plenamente justificada para que questões de índole jurídica possam ser avaliadas com a atenção devida. A Liga Portugal entende que todas as diligências clarificadoras são uteis e desejáveis e não deixará de as levar a cabo. Os clubes sempre estiveram, estão, e estarão junto daquela que é a nossa maior equipa, a seleção nacional", justificou o organismo liderado por Pedro Proença.

Já o regulamento arbitragem foi aprovado por unanimidade.

isaura.almeida@dn.pt