Desporto
02 julho 2022 às 22h08

Seleção feminina de futsal à procura do título europeu

Portugal enfrenta a Espanha na final (18.00, RTP1). Portuguesas querem vingar final perdida em 2019 e coroar toda uma modalidade que tem mais de 4 mil praticantes mulheres.

É a final esperada. A campeã e líder do ranking europeu (Espanha) e a vice-campeã e vice-líder do ranking europeu (Portugal) voltam hoje a encontrar-se na final do Europeu de futsal (18.00, RTP1). Três anos depois a derrota na final da prova para as espanholas (4-0), a seleção nacional feminina de futsal quer vingar um título perdido em casa, igualmente no Pavilhão Multiusos de Gondomar. Espera-se lotação esgotada, uma vez que a Federação Portuguesa de Futebol colocou os bilhetes à venda por dois euros e decidiu doar o valor da receita a uma entidade de responsabilidade social que será selecionada pela Câmara Municipal de Gondomar.

A final a quatro do torneio estava marcada para março, no Pavilhão Multiusos de Gondomar, mas acabou adiada para o período entre 1 e 3 de julho, devido à exclusão das seleções russas das competições sob tutela da UEFA e a indefinição em torno da participação da Ucrânia, depois da ofensiva militar russa. Repescada para substituir a Rússia, a Hungria foi adversária de Portugal nas meias-finais, tendo perdido por 6-0, num jogo em que as portuguesas fizeram 45 remates contra um das húngaras. No outro jogo a campeã Espanha também goleou a Ucrânia (9-0). E assim ficou marcada mais uma final ibérica.

No grupo português há oito jogadoras que repetem a presença na final, enquanto do lado espanhol, há nove repetentes, incluindo as campeãs Mayte, Ana Luján e Amelia Romero, que marcaram nessa final de 2019. Desde então, as seleções ibéricas defrontaram-se por 11 vezes em jogos particulares, com Portugal a vencer cinco e a Espanha três. No total a balança pende para o outro lado da fronteira (19 vitórias contra 12 de Portugal em 40 encontros).

Agora as anfitriãs esperam imitar a seleção masculina, que bateu a Espanha a caminho para a conquista do Mundial 2021 e do Europeu de 2022. Títulos a que se juntam o Europeu de 2018, o primeiro da história do futsal português que é hoje considerado o melhor do Mundo. Se a seleção masculina tem três título consecutivos (dois Europeus e um Mundial), a seleção feminina procura ainda o primeiro troféu para coroar as mais de 4 mil jogadoras de futsal do País (antes da pandemia eram 7000). E conta com a melhor guarda-redes do Mundo (Ana Catarina, do Benfica) na baliza.

Antes da final, a estreante Hungria medirá forças com a Ucrânia no jogo de atribuição do terceiro e quarto lugares (15.30, Canal 11).

A final ibérica era "o que todos" desejavam na seleção portuguesa, mas sem pensar em 2019. "Do passado vivem os museus. Claro que identificámos onde é que errámos e tivemos este tempo todo para corrigir e melhorar. A final vai ser outra vez em Portugal, no mesmo espaço e frente ao mesmo adversário. Estamos com esse pensamento, mas na vida perdemos, ganhamos e no dia seguinte já estamos com outras exigências. Temos de nos preparar para isto, porque o desporto é mesmo assim", disse o selecionador Luís Conceição, lembrando que as duas equipas conhecem-se muito bem.

"Defrontámo-nos tantas vezes e conhecemo-nos tão bem que as jogadoras praticamente não variam muito entre convocatórias. Quando se chega a estes jogos, importante é a nossa atitude competitiva e mental. Isso é que vai fazer a diferença. É uma final e com o pavilhão cheio. Quem competir bem, conseguir-se manter focado e estiver mais bem preparado mentalmente para as dificuldades vai ter maiores probabilidades de vencer", na opinião o técnico nacional.

Sobre o peso da final perdida, Inês Fernandes abordou assim a questão: "Este mundo já teve uma pandemia [de covid-19] e tem uma guerra [na Ucrânia] pelo meio. Já não somos as mesmas pessoas e as mesmas atletas de há três anos. Devo confessar que é só uma memória e esse jogo já não nos marca. Tenho a certeza de que vamos ser fiéis a nós próprias e iremos estar prontas."

A selecionadora Clàudia Pons e a jogadora Ana Luján desejam que a Espanha seja fiel ao seu estilo perante Portugal. "Temos de ser iguais a nós próprias. Temos trabalhado para isto há muito tempo. É uma final e temos de nos tentar aproximar ao máximo da nossa melhor versão e competir por cada ação, bola e minuto. Foi isso que nos trouxe aqui e é isso que teremos de fazer neste caso", recomendou a treinadora, na conferência de imprensa de antevisão à final.

Com um misto de experiência e alguma juventude, a seleção é composta por 14 atletas - quase todas jogam em Portugal, à exceção de Fifó e Janice Silva, que jogam na Città di Falconara, campeã de Itália. Inês Fernandes ( Benfica), Ana Pires (Nun"Álvares), Carolina Rocha (Novasemente GD), Carolina Pedreira (Sporting), Cátia Morgado (Nun"Álvares), Maria Pereira (Benfica) e Sara Ferreira (Benfica), Carla Vanessa (Nun"Álvares), Ana Azevedo (FC Vermoim) e Pisko (Nun"Álvares) e as guarda-redes Ana Catarina (Benfica) e Odete Rocha (Nun"Álvares) completam a seleção que este domingo se pode sagrar campeã da Europa de futsal - o maior título da modalidade, que não é Olímpica porque a FIFA ainda não criou um mundial de futsal feminino.

isaura.almeida@dn.pt