A 29.ª vez que o campeão se decide na última corrida. Verstappen sai na pole

O oitavo título mundial de Lewis Hamilton (Mercedes) ou o primeiro de Max Verspatten (Red Bull)? O novo campeão será conhecido esta tarde em Abu Dhabi, numa prova onde os dois pilotos chegam em igualdade pontual.

Max Verstappen e Lewis Hamilton decidem hoje (13.00, Eleven Sports 3) quem é o novo campeão de fórmula 1 na última corrida da temporada, no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi, onde chegam em igualdade pontual (369,5 pontos). O holandês vai partir esta tarde na pole position, depois de ontem ter assegurado o melhor tempo na qualificação; o britânico sai no segundo posto.

Esta foi a 10.ª pole position da temporada para Verstappen, a 13.ª da sua carreira. "Oh yes! Não esperava um trabalho tão bom, rapazes", disse o holandês via rápido para as boxes, depois de rodar em 1.22,109 minutos. "Fez uma volta fantástica. Não podíamos competir com este tempo", respondeu um desanimado Hamilton, que fez mais 0,371 segundos.

Ser campeão na última prova não é uma situação inédita, pois ao longo da história este cenário verificou-se em 28 ocasiões (ver tabela). Mas é apenas a segunda vez que dois pilotos chegam à batalha final precisamente com os mesmos pontos.

Em 1974, o brasileiro Emerson Fittipaldi (McLaren) e o suíço Clay Regazzoni (Ferrari) largaram no GP dos Estados Unidos precisamente na mesma situação, leia-se com a mesma pontuação (52) - o sul-africano Jody Scheckter (Tyrrell-Ford) tinha uma pequena chance, embora não dependesse de si. Fittipaldi terminou na quarta posição e Regazzoni foi 11.º. Resultado que permitiu ao brasileiro ser campeão.

Para Lewis Hamilton, que procura o oitavo título mundial (2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020) - pode tornar-se o piloto mais titulado de sempre, ultrapassando os sete campeonatos que atualmente partilha com Michael Schumacher -, chegar à última corrida da temporada com possibilidades de ser campeão não é inédito. Este cenário colocou-se em cinco ocasiões.

Em 2007, Raikkonen, Hamilton e Alonso chegaram à última corrida (Brasil) com possibilidades de se sagrarem campeões. Kimi precisava de vencer e que Lewis fosse o sexto ou pior e Alonso o terceiro ou pior. O cenário acabou por acontecer e o piloto da Ferrari fez a festa.

Um ano depois, Hamilton vingou-se na derradeira prova. Chegou ao Brasil com sete pontos de vantagem sobre Felipe Massa. E apesar de o brasileiro ter triunfado, o quinto lugar do britânico, garantido na última volta, foi suficiente para festejar o título

Em 2010, na última prova em Abu Dhabi, Hamilton chegou com chances de ser campeão, mas a precisar de um milagre. Além de ser obrigado a vencer, precisava que Alonso não pontuasse, Webber ficasse em sexto ou pior e Vettel fosse terceiro ou pior. O cenário não se verificou e Vettel foi coroado.

Quatro anos depois, outra vez em Abu Dhabi, o cenário era claramente favorável a Hamilton, que chegou à derradeira prova com 17 pontos de vantagem sobre Nico Rosberg. O britânico não facilitou, venceu a corrida, e foi campeão.

Rosberg vingou-se em 2016. Chegou à última corrida a precisar apenas de ficar num dos três primeiros lugares. E apesar de Hamilton ter ganho a prova, o alemão foi segundo e conquistou o título, anunciando de seguida, de forma surpreendente, o abandono da F1.

Depois de dois terceiros lugares na classificação do Mundial de pilotos nas duas últimas temporadas, Max Verstappen, 24 anos, surge em boa posição para conquistar o seu primeiro título. E parte com uma ligeira vantagem, pois caso nem ele nem Hamilton pontuem, e se não forem alvo de penalizações, o holandês é declarado vencedor, pois venceu mais uma corrida do que o britânico (9/8).

Verstappen, o injustiçado

Verstappen, nascido na Bélgica mas com nacionalidade holandesa, estreou-se na F1 em 2015 e venceu a sua primeira corrida na época seguinte (GP de Espanha). Viveu sempre no seio de uma família ligada ao automobilismo - o pai , Jos Verstappen, esteve oito temporadas na F1, a mãe correu em karts, e um avô e um tio também foram pilotos noutras variantes -, e a sua ascensão foi rápida, trocando logo um ano depois da sua estreia da satélite Toro Rosso para a Red Bull.

Considerado um dos pilotos mais antipáticos e contestatários do circuito, esta temporada levou a rivalidade com Hamilton ao máximo, protagonizando vários episódios de colisões com o britânico. E antes da corrida de Abu Dabi, numa conferência de imprensa com Hamilton ao lado, queixou-se de ser injustiçado pelos comissários.

"Claramente as regras não se aplicam da mesma forma para todos. As coisas que fiz para me defender, outros também as fizeram e nem receberam uma menção ou uma penalização. Por isso não entendo, eu estou apenas a competir. É injusto. Tratam-me de forma diferente relativamente a outros pilotos. Claramente os outros pilotos podem "safar-se" e eu não", acusou.

Refira-se que os comissários da FIA vão estar hoje particularmente atentos a possíveis truques sujos que possam surgir durante a corrida. O diretor Michael Masi chegou até a lembrar o código de conduta desportiva, não colocando de lado que caso surja algum incidente premeditado possam ser retirados pontos ao infrator.

Em jogo estará hoje também o título de construtores, que pode ser o oitavo consecutivo da Mercedes, atual líder com 28 pontos de vantagem sobre a Red Bull (587,5 contra 559,5), que não vence desde 2013, ano do último título de Vettel.

Esta será também a última corrida do finlandês Kimi Raikkonen (Alfa Romeo), campeão mundial em 2007, com a Ferrari. Será igualmente a despedida de Valtteri Bottas da Mercedes (vai passar para a Alfa Romeo), após cinco temporadas, que será substituído pelo britânico George Russell (Williams) na próxima temporada.

nuno.fernandes@dn.pt

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