Exclusivo Um adeus de cinema
A primeira longa-metragem a solo do nonagenário Paolo Taviani é uma idiossincrática despedida do irmão Vittorio, através da odisseia das cinzas de Pirandello. Leonora Addio contém a matéria única dos atos conclusivos de cinema.
Há filmes cujo valor da existência está para além de ostensivos méritos artísticos. São filmes marcados por um gesto profundo que o cinema se limita a revelar, como cartas enviadas para lugar nenhum, que fazem de cada espectador um carteiro secreto, detentor de uma mensagem íntima. Leonora Addio apresenta-se como um desses objetos algo inclassificáveis, sendo ao mesmo tempo perfeitamente claro na sua natureza. Trata-se do primeiro título da carreira de 70 anos do italiano Paolo Taviani em que surge apenas a sua assinatura - o companheiro criativo de toda a vida, o irmão Vittorio Taviani, morreu em 2018, e é a ele que Paolo o dedica. Não apenas no sentido simbólico da dedicatória, mas na expressão total das imagens.
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Leonora Addio divide-se em duas partes distintas: a primeira (a preto e branco) em torno do percurso insólito das cinzas de Luigi Pirandello; a segunda (a cores) centrada num conto póstumo do autor italiano.