O cinema jovem e um cheirinho a Doce no YMOTION de Famalicão
A 6ª edição do YMOTION termina no sábado, mas nesta sexta-feira revelam-se as primeiras imagens de Bem Bom, o filme sobre as Doce, e há ainda encontros com convidados de honra: Catarina Wallenstein, Sara Barradas, Diogo Morgado e Ana Rocha de Sousa.
Juventude e cinema juntam-se num festival de Famalicão. Ao longo das suas já seis edições, o YMOTION tem vindo a promover sangue novo na criação cinematográfica, e ao longo dos últimos dias os frutos desse incentivo foram exibidos numa secção competitiva composta por 45 curtas-metragens de realizadores com idades compreendidas entre os 12 e os 35 anos. Caso para dizer que o talento jovem está bem e recomenda-se, mesmo num ano atípico.
Para além desta vocação natural do certame, não são esquecidos os protagonistas do meio português. Se noutras edições se valorizou o trabalho de cineastas e produtores, "este ano o foco é no acting", revela o comissário do festival, Rui Pedro Tendinha, sublinhando que "numa altura em que a larga maioria dos festivais insufla o ego dos realizadores, o YMOTION puxa um pouco para cima o lugar do ator na grande experiência cinematográfica". Por isso mesmo, Catarina Wallenstein e Sara Barradas vão estar presentes a falar para um público de escolas secundárias de Famalicão sobre o seu trabalho e o que o inspira.
O programa desta sexta-feira, que terá lugar no Centro de Estudos Camilianos, conta com uma Mostra do Novíssimo Cinema Português, seguida de uma sessão em que serão projetadas as primeiras imagens do filme Bem Bom, a história das Doce contada pela lente de Patrícia Sequeira, aqui com uma apresentação conjunta do ator Eduardo Breda e do músico Tozé Brito, mentor da banda.
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Amanhã, sábado, dia do encerramento, os encontros acontecem na Fundação Castro Alves. Falamos de uma masterclass de Diogo Morgado (não apenas na qualidade de ator mas também enquanto realizador) sobre os seus projetos e experiência internacional, e uma conversa de Ana Rocha de Sousa com o público jovem, a realizadora que por estes dias reanimou as salas de cinema com o badalado Listen.
Quando perguntamos a Rui Tendinha se, no decorrer das edições do festival, Famalicão se tornou de alguma forma um ponto nevrálgico do dito cinema jovem, a resposta é esperançosa: "Ao longo destes anos, o YMOTION tem vivido para servir de laboratório teórico aos jovens que pretendem descobrir o cinema, quer como cineastas quer como espectadores. A minha função como comissário do festival é tentar despertar o interesse e a cinefilia numa nova geração que poderá nem ter contacto próximo com o cinema nacional. Pelo sucesso das outras edições, o grande número de inscrições nas curtas metragens e a notável iniciativa de levar os vencedores a escolas secundárias e politécnicos de todo o norte, creio que Famalicão entrou no mapa como polo de um cinema jovem feito em Portugal, começando-se a descobrir novas linguagens e valores, em especial no campo do docudrama."
Uma forma de dizer que não é só nas grandes cidades que está o bichinho dos festivais de cinema. "Famalicão pode ser uma espécie de simpática provocação e exemplo da necessidade de descentralização. Por tudo isto, estão mesmo lançadas as sementes para ser uma nova capital do cinema jovem, tendo inclusive uma Casa da Juventude aberta a ceder material de filmagens para projetos de cinema." Que não falte sangue novo.