Lisboa quis despedir Padilla aos ombros

A crónica de Miguel Ortega Cláudio sobre a corrida de quinta-feira no Campo Pequeno, em que Padilla se despediu do público português.

Corrida mista com muito público nas bancadas do Campo Pequeno para a despedida da arena lisboeta de Juan Jose Padilla e para ver dois dos triunfadores da temporada lisboeta a cavalo, Moura Caetano e Duarte Pinto, a par dos velhos rivais nas pegas Santarém e Montemor. Toiros Vinhas para cavalo e Varela Crujo para a lide a pé. O cartel agradou ao público e pelos visto o espectáculo também...

A corrida podia ser resumida rapidamente em poucas palavras, o público de Lisboa quis levar Padilla a ombros de qualquer forma pela porta grande do Campo Pequeno.

Todas as portas grandes têm a sua discussão uns a favor outros contra. Dá-me igual que ontem se tenha aberto a mesma, até acho justo que Padilla tenha saído a ombros pela sua trajetória no mundo dos toiros, um guerreiro com todas as letras, um toureiro curtido a cornadas, um toureiro que ganhou mil batalhas, é bonito ver o reconhecimento ético do público perante isso, mas tudo tem um mas... Podia e devia ter saído somente só pelo que disse atrás e para mim isso já vale, não pelas quarto voltas à arena que deu... sinónimo de porta grande em Lisboa!

As faenas foram incipientes, vazias de tudo. Passou em branco com o capote, só uns lances de provatura e já está! Bandarilhas não cravou e de muleta andou muito aliviado, dando protagonismo aos desplantes pouco toureiros e forçados de joelhos, aos passes em carrossel agarrado ao lombo do toiros, porque correr a mão, embarcar as investidas dos Crujo isso nem vale a pena... O público de Lisboa foi para a festa e o de Jerez sabia disso, resultado tudo ou quase tudo contente!

Nas lides a cavalo os toiros foram bondosos, com pouca acometividade aos cavalos, sonsos na investidas quase todos.

Moura Caetano praticou o seu toureiro, deixou bons ferros intercalados com outros menos conseguidos, não foi uma atuação redonda a sua mas o público soube reconhecer as carências que os toiros apresentaram e tributou ovações carinhosas ao cavaleiro de Monforte.

Duarte Pinto um dos grandes triunfadores da temporada de Lisboa também não repetiu o triunfo sonoro, andou bem nos compridos e curtos, deu vantagens aos seus toiros mas o seu toureio requer um tipo de oponentes com mais transmissão, tudo pareceu fácil e isso depois vê se nas reações do público... Palmas de agrado, mas sem romper com força, bom ontem a coisa estava mais facilitada para Padilla.

Santarém e Montemor quando pegam é sempre um prato apetecível de se apreciar.

Abriu praça António Taurino pelos ribatejanos bem à primeira tentativa. Ruben Giovetty foi para a cara do quarto e sete foram as vezes que lhe tentou a pega... com ajudas carregadas.

João da Câmara por Montemor à primeira tentativa muito bem numa grande pega, com o grupo a ajudar exemplarmente. Francisco Barreto à terceira tentativa numa pega rija e bem executada.

Dirigiu a corrida Manuel Gama assessorado pelo médico veterinário Jorge Moreira da Silva.

Síntese da corrida:

Toiros: Ganadaria Vinhas para cavalo bem apresentados, nobres e a menos. Ganadaria Varela Crujo para pé bem apresentados, nobres mas com pouca classe.

Artistas: Cavaleiros - Moura Caetano (Volta); (Palmas); Duarte Pinto (Volta); (Volta); Matador - Padilla (Duas Voltas); (Duas Voltas) saindo em ombros pela porta grande do Campo Pequeno.

Forcados: Amadores de Santarém: António Taurino (Volta); Ruben Giovettin (Silêncio). Amadores de Montemor: João da Camara (Volta); Francisco Bissaia Barreto (Volta)

*As voltas à arena no final das lides são concedidas pelo diretor de corrida como prémio à qualidade da performance artística dos intervenientes ou pela bravura dos toiros.

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