Cultura
29 maio 2023 às 05h00

Uma nova forma de arquitetura que pretende chegar a toda a Europa

O projeto Architect Your Home Portugal comprou a casa mãe em Inglaterra. Este projeto pretende tornar a arquitetura mais acessível através de um menu de serviços.

"Uma das nossas estratégias é que somos bastante inclusivos e não temos nunca uma linha de arquitetura distinta. Queremos muito poder abranger vários estilos e ser inclusivos", quem o diz é Mariana Morgado Pedroso, diretora geral do Architect Your Home Portugal e Reino Unido, em conversa com o DN.

A Architect Your Home nasceu em Portugal em 2012, tendo a sua sede em Londres desde 2001. A ideia nasceu de dois arquitetos que pretendiam criar uma nova forma de arquitetura, tornando-a mais acessível. Através de um menu de serviços flexível, os arquitetos adaptam-se aos projetos, incluindo qualquer dimensão e complexidade. O primeiro passo para os clientes é a marcação de um serviço de consultoria com um dos arquitetos.

Os clientes podem escolher arquitetos, engenheiros e construtores para as suas obras. Atualmente em Portugal o projeto tem mais de 200 projetos de arquitetura ativos. "O nosso menu permite ao cliente escolher o arquiteto só para pequenas fases. Pode escolher o arquiteto para fazer desenho de criatividade só para a sua casa ou então para um projeto completo", explicou.

Mariana Morgado Pedroso dá um exemplo: uma cliente que velejava pediu para colocar um barco que tinha cortado ao meio na sala de estar. Algo que nunca tinha feito antes. "Tivemos de criar uma situação que é completamente fora do comum e que nunca faria em projeto nenhum, mas a senhora estava super satisfeita com o resultado".

Clientes de diferentes países têm formas diferentes de habitação, tendo pedidos variados para as suas casas. A diretora explica como por exemplo os clientes franceses normalmente "pedem um compartimento unicamente para a sanita e outro onde se encontra o lavatório, o duche e o bidé. Uma coisa que adaptamos muito para o mercado português porque eles gostam de ter essa separação", disse. "Acho que somos uma marca que por ter um sistema e um menu pode adaptar-se a qualquer tipo de realidade", acrescentou.

A sustentabilidade é também uma das preocupações deste projeto, tendo arquitetos com formação e pedidos dos clientes para opções mais sustentáveis. Por exemplo um dos projetos em que a Architect Your Home está a trabalhar é uma casa feita de cortiça com telhas fotovoltaicas.

A Architect Your Home Portugal comprou a casa mãe em Inglaterra no início deste mês. Este projeto tem 16 gabinetes em Londres e Edimburgo, tendo já concebido cerca de 7.000 projetos ao longo de 20 anos e mais de 34 milhões de euros de faturação. "Em vez de sermos uma subsidiária de uma marca que existia, passámos a ser nós a casa mãe. Portugal tem capacidade para acolher o que vai ser um projeto internacional", explicou a diretora do projeto.

Como diretora geral do Architect Your Home, o primeiro passo que Mariana Morgado Pedroso tomou foi divulgar a compra. Para este ano o objetivo é consolidar a marca em Portugal e no Reino Unido. No futuro, pretende -se expandir esta nova forma de arquitetura para outros países como França, Espanha e Alemanha, criando uma sede em cada um deles.

No entanto, o mercado em Portugal e em Inglaterra é completamente diferente, desde as próprias casas ao poder de compra. A Architect Your Home tem arquitetos adaptados para trabalhar em diferentes países e cidades. "A única coisa comum que se pode dizer que existe é que a maior parte dos projetos são dedicados ao mercado residencial e toda a gente tem casas".

Para Mariana Morgado Pedroso, um arquiteto pode ajudar através da criação de casas e utilização de materiais mais económicos. No entanto, o projeto não intervém diretamente no mercado.

Atualmente, a maior dificuldade vivida no mundo da arquitetura apontada pela diretora é a grande instabilidade na fase de obra, devido aos preços "Os preços da construção andaram muito flutuantes nos últimos tempos. Também há um desafio muito grande que tem que ver com os licenciamentos das câmaras, que regra geral são processos muito burocráticos e muito difíceis", explicou.

mariana.goncalves@dn.pt