O leitor imagine que está a ver um bebé num grande berreiro, mas em vez do som do choro o que se ouve é a Sonata n.º 8 de Beethoven, a Patética. Ou imagine os pais do recém-nascido a discutir e a mãe, sem mais nem menos, a atirar-se pela janela aberta da sala, que está mesmo ali a jeito - é algo que acontece algumas vezes; nada de trágico. O pai é mais de desatar a correr assim que sai porta fora, como quem foge à exasperação doméstica. Estes são alguns dos apontamentos criativos, com um toque bizarro, de Manual de Sobrevivência para Pais, um filme capaz de fazer sentir a pulsação da Itália de hoje contando, por vezes de forma ácida, as agruras de uns pais, na casa dos quarenta, que aceitaram a aventura do segundo filho sem imaginar que só poderiam contar com eles próprios.