No caso de Mandíbulas, Dupieux, também conhecido pelo seu passado fugaz como músico das eletrónicas, não dispensa um predicado de excesso. Um excesso de iconografia e a coragem de levar até ao extremo a prática de uma piada descabelada, neste caso essa doideira de vermos dois idiotas trintões a domesticar uma mosca gigante e afavelmente obediente. Jean Gab e Manu encontram a tal mosca gigante num porta bagagens de um carro que acabam de roubar. O objetivo dos dois amigos com pouco QI é ensinar a mosca a roubar, mas antes ainda têm de a esconder de um grupo de amigos que confunde Jean Gab com outro amigo. Pelo meio, há um cão devorado, um sósia barrigudo e uma rapariga que fala a gritar. Em suma, comicidade de risco sem medo do mais puro non-sense iconoclasta no qual o enfoque é um gozo a uma ideia de estupidez francesa. De alguma forma, Dupieux está a testar as possibilidades de punch line. Será que é possível fazer rir com o acaso burlesco de personagens sem neurónios? Haverá justificação para sorrir perante tonterias minimais? A verdade é que as gargalhadas que o filme provoca parecem saídas de um manifesto de performance radical, um pouco como chegou a acontecer com os efeitos de choque dos Farrelly em Dumb and Dumber- Doidos à Solta.