Crónicas na Corda Bamba: A Economia Doméstica de Salazar deve regressar às escolas
Ainda tentei encontrar outra denominação para as matérias que incluam noções de orçamento, leitura de faturas e rótulos, fazer listas de compras e sua concretização, elaboração de ementas e preparação de algumas refeições básicas, entre outras tarefas domésticas, mas não encontrei.
Salazar defendia esta mesma disciplina, desde 1927, com a "imperiosa necessidade de a escola orientar a educação doméstica da mulher, levando-a a bem compreender o seu papel social".
Está tudo errado nesta frase, ainda que os conteúdo programáticos - bordar, cozinhar, fazer barrela, olhar pelo asseio da casa, talhar, coser e conservar as peças de vestuário da família e (...) o valor da higiéne" já fossem bem pensados, desde que servissem a homens e mulheres, exatamente da mesma forma.
Passámos das aprendizagens certas, num machismo totalmente errado, à ausência destes temas nas escolas. Eu defendo que a emancipação da mulher não se faz com o fim da Economia Doméstica, mas com o alargamento desta disciplinas a rapazes e raparigas, ensinados e avaliados exatamente da mesma forma.
Eu, que estou longe de defender a austeridade a que temos sido sujeitos, na dimensão e na forma, acho que muitos dos problemas ao nível dos hábitos de consumo, se resolveriam se, desde cedo, fossemos ensinados a gerir aquilo que ganhamos.
E não será apenas um problema de sobreendividamento das famílias. A Economia Doméstica, teórica e prática como defende o Movimento 2020, será fundamental para aumentar as competências alimentares de crianças e jovens, ao nível da segurança alimentar, consciência de consumo, rotulagem e preparação e confeção de alimentos saudáveis, prevenindo vários problemas a nível de saúde.
Recupere-se o conceito, agora com os valores certos, e dê-se à Economia Doméstica a importância que ela tem. A emancipação e o desenvolvimento do país também depende disso.