Ciência
01 fevereiro 2023 às 20h55

50 mil anos depois, "cometa verde" vai passar mais perto da Terra esta madrugada

O "C/2022 E3 (ZTF)" poderá ser visto com um bom par de binóculos ou mesmo a olho nu, desde que o céu esteja claro, não haja poluição luminosa e o brilho da Lua não incomode.

DN/AFP

O cometa "C/2022 E3 (ZTF)" está a cruzar novamente o céu da Terra após 50.000 anos desde a última visita e a sua trajetória passará no ponto mais próximo da Terra durante esta madrugada de 2 de fevereiro, podendo mesmo ser visto a olho nu se as condições atmosféricas o proporcionarem. Se assim for, para o ver, "bastará" olhar para perto da Estrela Polar e paralelo à constelação da Ursa Maior.

Conhecido como cometa verde - brilho igualmente presente noutros cometas e que se acredita resultar de uma interação entre a luz do Sol e o carbono diatómico - o pequeno corpo rochoso e gelado tem o diâmetro de apenas um quilómetro. O cometa foi descoberto em março de 2022 pelo programa "Zwicky Transient Facility" (ZTF), que opera o telescópio Samuel-Oschin no Observatório Palomar, na Califórnia.

O "C/2022 E3 (ZTF)" atingiu o ponto mais próximo ao Sol no dia 12 de janeiro, quando o gelo no seu núcleo passou para o estado gasoso e libertou uma longa cauda que reflete a luz do astro-rei. Esse brilhante fenómeno é o que é da Terra à medida que "C/2022 E3 (ZTF)" se aproxima.

O cometa brilhará em todo o seu esplendor "quando estiver mais próximo da Terra", explica o professor de física do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Thomas Prince, que trabalha para a ZTF. No entanto, será menos espetacular que o cometa Hale-Bopp (1997) ou o Neowise (2020), que foram muito maiores.

O objeto espacial pode ser visto à noite com um bom par de binóculos ou mesmo a olho nu, desde que o céu esteja claro, não haja poluição luminosa e o brilho da Lua não incomode.

Segundo os modelos atuais, os cometas vêm ou do cinturão de Kuiper, localizado para além da órbita de Neptuno, ou da nuvem de Oort, uma imensa área localizada a quase um ano-luz do Sol, no limite do seu campo gravitacional. Este cometa "vem inicialmente da nuvem de Oort", refere o astrofísico do Observatório de Paris-PSL, Nicolas Biver, após estudar a sua órbita. Desta vez, ele provavelmente "sairá do sistema solar de uma vez por todas", diz Biver.

Os cientistas esperam aprender um pouco mais sobre a composição dos cometas, em especial graças ao poderoso Telescópio Espacial James Webb. "Não é o cometa do século, mas estamos felizes por poder assistir a cometas como este a cada um ou dois anos, pois consideramo-los vestígios da formação do sistema solar", explica o astrofísico.

O c/2022 E3 já está visível há vários dias, com muitos astrofotógrafos a registarem a sua passagem. Entre eles, o português Miguel Claro, que tem documentado a passagem do cometa a partir do Observatório Dark Sky Alqueva, Miguel Claro já partilhou inclusive um vídeo.

A altura de maior visibilidade do cometa verde nos céus de Portugal Continental situa-se entre a meia-noite desta quarta-feira e o amanhecer de quinta-feira )(dia 2).

O The Virtual Telescope Project acompanhará o acontecimento em direto com uma transmissão online a partir das 04h00.

Se não puder vê-lo esta noite ou amanhã, terá mais algumas oportunidades ainda este mês. No entanto, esta será a sua passagem mais próxima do nosso planeta. Depois disso, ficará cada vez mais longe de nós no futuro.