A imperturbável Nokia treme
A maior fabricante ocidental de telemóveis encontra-se numa encruzilhada. Está a chegar tarde à evolução tecnológica
A Nokia não quer perder a liderança do mercado europeu, tem uma quota de mercado de 3% nos Estados Unidos, o valor das suas acções baixou 14% este ano, arrisca muito pouco e quando o faz é de forma tardia.
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Tentou apanhar a onda da música no telemóvel com o Comes with music e as lojas de aplicações, sempre depois de outras marcas e sempre sem sucesso. Comprou empresas e serviços de GPS (Navteq) ou redes sociais (Plazes ou Dopplr) sem lhes dar dimensão.
O iPhone apareceu nas mãos da Apple em 2007 e a Nokia insistiu nos telemóveis tradicionais. Vieram depois os smartphones Android, apoiados pela Google, ou o anúncio dos Bada da Samsung, e a imperturbável empresa finlandesa só este ano avançou em parceria com a Intel para o novo sistema operativo MeeGo, baseado no Linux, mas sem largar o tradicional Symbian. Por fim, só esta semana lançou smartphones dignos desse nome.
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O anúncio dos modelos E7, C7, C6 e a confirmação das encomendas do N8 levaram o vice-presidente executivo da empresa, Niklas Savander, a afirmar que, "apesar dos novos concorrentes no mercado, o Symbian continua a ser a plataforma de smartphones mais utilizada no mundo".
Em cinco países europeus analisados pela comScore, o Symbian tinha em Julho uma quota de mercado de 54,4% (menos 14,4% do que no mesmo mês de 2009), enquanto a Apple subiu 9%, para 19,2%, e o Android 5,6%, para 6,1%.
Com os maus resultados, vieram as demissões. O CEO Olli-Pekka Kallasvuo sai dia 20, para ser substituído por Stephen Elop, ex-executivo da Microsoft, empresa que está quase a lançar o concorrente (e potente, pelo já mostrado em público) Windows Phone 7.
Ainda antes do evento Nokia World, que decorreu esta semana em Londres, também o vice-presidente executivo responsável pelas soluções de mobilidade, Anssi Vanjoki, se afastou da empresa. Em 2012, será Jorma Ollila, presidente e grande dinamizador da empresa, a retirar-se.