Quadro polémico vandalizado em museu de Paris

Obra de Miriam Cahn mostra uma pessoa com as mãos atadas atrás das costas a ser forçada a realizar sexo oral a um homem sem rosto. Críticos dizem que a vítima é uma criança, o que a arista nega. Pintura foi vandalizada com tinta.
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Um polémico quadro da artista suíça Miriam Cahn, que estava exposto em Paris, foi vandalizado com tinta este domingo, revelou o museu de arte contemporânea Palais de Tokyo.

O quadro, intitulado "Fuck abstraction", exposto desde meados de fevereiro, mostra uma pessoa com as mãos atadas atrás das costas a ser forçada a realizar sexo oral a um homem sem rosto.

Os críticos têm dito que a vítima no quadro é uma criança, o que a artista nega, alegando ser uma representação de uma violação como uma arma de guerra e um crime contra a humanidade.

Várias organizações de defesa dos direitos das crianças denunciaram o quadro como pornografia infantil, pedindo para que fosse retirado. Contudo, os tribunais franceses rejeitaram o pedido.

Este domingo, um homem "vandalizou deliberadamente" a obra lançando-lhe tinta, disse o museu à AFP.

O homem, descrito como idoso, segundo uma fonte próxima do caso, estava "infeliz com a representação sexual de uma criança e de um adulto apresentada na pintura", mas não está ligado a nenhum grupo ativista.

Foi "imediatamente detido pelos agentes de segurança e levado pela polícia", revelou o museu, acrescentando que apresentou queixa por danos à propriedade e obstrução à liberdade de expressão.

A ministra da Cultura, Rima Abdul Malak, disse num comunicado que a obra de arte, como estava apresentada no contexto, tinha sido aprovada para ser mostrada ao público pela justiça.

"Lamentamos as consequências extremas desta controvérsia", disse o presidente do Palais de Tokyo, Guillaume Desanges. Este museu tem como objetivo "apoiar a arte com entusiamo, consciência e responsabilidade para com todos os públicos"

"Com o acordo da artista, o Palais de Tokyo irá continuar a apresentar a obra e a exposição", que atraiu 80 mil visitantes, "com vestígios dos danos até ao final da temporada, a 14 de maio".

O mais alto tribunal administrativo francês, o Conselho de Estado, rejeitou em abril uma ação legal para retirar a pintura.

Dado que a pintura estava exposta numa galeria de arte, "acompanhada por informação contextual detalhada", consideraram que não feria "grave ou claramente o superior interesse das crianças ou a dignidade da pessoa humana".

A própria artista respondeu às críticas ao seu trabalho num comunicado em março. "Não são crianças", insistiu Cohn. "Este quadro lida com a forma como a sexualidade é usada como uma arma de guerra, como um crime contra a humanidade", acrescentou.

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