O que mudou na moda em Portugal depois de Abril

40 anos depois da revolução, o que mudou na moda em Portugal?

Seguir as tendências, imitar o que vestem os atores e os cantores favoritos, ir a uma loja e comprar os hits de cada estação tornou-se relativamente fácil. Mas nem sempre foi assim...

No final dos anos 60 quando Londres swingava com as extravagantes saias curtas da Mary Quant, os jovens Portugueses sonhavam com a moda "lá de fora" e outros nem sabiam tudo o que estavam a perder. Era o tempo em que a roupa se fazia nas modistas, copiada da Burda, que as mães e avós faziam as roupas para a família. Só nas classes mais altas e urbanas havia acesso à moda mas na sua expressão mais conservadora.

Depois do 25 de Abril a liberalização dos costumes e a entrada no país de lojas de grande consumo democratizou progressivamente o acesso à moda.

Ao longo dos anos 80 e 90 chegaram as principais marcas de roupa internacionais ainda que vendidas em poucas lojas. Deste tempo ficou a icónica Porfírios que trazia a Lisboa jovens de todo o país só para comprar as últimas tendências.

O grande boom da moda de expressão portuguesa começa no final dos anos 80 com o Manobras de Maio e nos anos 90 com a ModaLisboa e o Portugal Fashion. Até aqui poucos nomes faziam história para além de Augustus e Ana Salazar. Hoje os criadores de moda nacionais estão cada vez mais cosmopolitas e internacionalizados.

40 anos depois de Abril Portugal está mais bem vestido. Adora tendências e adora usar tudo o que dita a moda mainstream. Mas continua também conservador. A maioria dos homens e mulheres gasta muito dinheiro em roupa para se vestir de forma totalmente enfadonha porque há ainda muito medo de correr riscos; o que pensam os colegas e os vizinhos têm ainda mais peso do que normalmente se admite.

A grande revolução que falta fazer não é no acesso à moda, é na autoestima dos homens e mulheres portugueses. É vestir-se com identidade e assertividade. Ou seja conhecer o seu corpo, saber explorar as potencialidades da moda para descobrir as potencialidade do corpo, é não ter medo de assumir a própria beleza.

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