Noite da Literatura Europeia traz partilha de bons livros
A quinta edição da Noite da Literatura Europeia realiza-se no próximo sábado, outra vez na zona do Carmo/ Trindade, em Lisboa. Com livros de vários géneros de 11 países.
Vai estar calor mas ao final do dia, no próximo sábado (dia 24), vai-se estar mesmo bem no fresco do claustro do Museu de São Roque, em Lisboa. Será aí que José Ideias nos vai dar água na boca com a leitura de As Ligações Culinárias, do grego Andreas Staikos. Ou no Terreiro Místico da Igreja do Santíssimo Sacramento, onde pequenos e grandes são convidados a descobrir as histórias de Catarina Sobral. Ou no Círculo Eça de Queiroz, geralmente só aberto aos sócios mas que nessa noite vai estar aberto a todos os que queiram descobrir a obra fake reports, que a jovem escritora austríaca Kathrin Röggla fez a partir dos relatos jornalísticos sobre o 11 de Setembro de 2011. Ou no Lisboa Pessoa Hotel, onde não será preciso fazer check in para ficar a conhecer o livro A Lebre de Vatanen, do finlandês Arto Paasilinna.
Estas são algumas das propostas de mais uma edição, a quinta, da Noite da Literatura Europeia que este ano conta com a participação de 11 países. Entre as 18.30 e as 23.30, em vários locais na zona do Carmo/ Trindade, haverá leituras de excertos de 11 obras. As leituras têm a duração de dez a 15 minutos e realizam-se de meia em meia hora, de forma a dar ao público a possibilidade de visitar os diversos espaços e de assistir a várias sessões.
"Este ano voltamos ao mesmo bairro de Lisboa onde estivemos no ano passado e por isso há alguns locais repetidos, mas temos sempre locais surpreendentes e improváveis, onde geralmente não há visitas do público ou não costumam receber este tipo de atividades", explica Manuel Malzbender, da organização da Noite da Literatura Europeia. O Museu Arqueológico do Carmo, o Quartel do Carmo da GNR ou a Academia dos Amadores de Música são exemplos dessa diversidade.
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Uma das novidades deste ano é o facto de haver obras de não ficção neste percurso literário. E valem bem a pena o desvio. O escritor britânico Alex Bellos conhecido pelos textos que publica no The Guardian sobre matemática e ciência mas também sobre futebol, traz a esta noite literária Futebol: O Brasil em campo e Alex no país dos números. O autor vai estar na Sala de Extrações da Lotaria Nacional (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa) para a acompanhar a leitura por Rogério Martins e também para conversar com os leitores - até porque ele, que morou no Rio de Janeiro, fala português.
Além de Alex Bellos, estarão presentes outros autores: a portuguesa Catarina Sobral vai acompanhar a leitura de Miguel Fragata dos livros infantis Achimpa e O Meu Avô, que vai acontecer no Terreiro Místico da Igreja do Santíssimo Sacramento; a italiana Simonetta Agnello Hornby estará na Sala do Brasão do Museu de São Roque, onde Inês Lapa vai ler excertos da obra Café Amargo; Jirí Jájícek, da República Checa, vai estar na Livraria Sistema Solar com Julio Martín, que lerá Pau de Chuva; e o romeno Matei Visniec pode ser encontrado no Teatro da Trindade, onde Nuno Pinheiro vai ler Teatro Decomposto ou O Homem-lixo.
"Há a possibilidade de conversar com os autores nos interva-los, mas também de falar com os membros da organização e com outras pessoas. Este é um evento que inclui muita conversa e é sempre muito agradável", conta Manuel Malzbender.
Neste ano em que a Noite da Literatura Europeia volta a ter livros infantis (precisamente com a autora portuguesa), há ainda romances e peças de teatro - por exemplo, do dramaturgo Matei Visniec que conhecemos em Portugal como o autor da peça Migrantes, que Rodrigo Francisco encenou com a Companhia de Teatro de Almada, já este ano. "Temos um panorama muito variado, quer de países participantes quer de géneros literários", explica Manuel Malzbender. "Temos autores mais conhecidos, como o finlandês Arto Paasilinna, outros que ainda não estão traduzidos em Portugal, como o alemão Tilman Rammstedt. Portanto, é uma forma de, numa noite, percorrer a literatura europeia e ficar com uma ideia do que é feito noutros países." Tudo isto e ainda o prazer, tantas vezes esquecido, de ouvir ler: "É fantástico que o ato de leitura, que geralmente é de isolamento, de recolhimento, possa ser um ato de partilha. Um convite a estarmos juntos."