"Não me importo que me chamem romântico"
Um livro pós-crise, onde há charutos, caça e outros prazeres. "Se só pensarmos na crise deixaremos de existir", diz Miguel Sousa Tavares.
É, então, o tipo de livro que serve de porta à evasão destes tempos ou para conhecer melhor o autor?
Serve como uma porta para a evasão, mas é também uma espécie de prestação de contas do que tenho andado a fazer enquanto não escrevo outro romance. Ou seja, é onde tenho andado, o que já tinha feito e o que deixei para trás. Daí que, havendo tanto material, fosse difícil perceber como seria a orientação editorial.
O que ficou de fora?
Muita coisa: contos, princípios de romances que ficaram pelo primeiro e segundo capítulos. O que ficou nas gavetas e que o editor achou importante registar.
No livro diz que não consegue viver um romance; confessa que tem quatro casamentos, três divórcios...
... Só falta o funeral...
Em compensação fala do possível tumor maligno que o assustou?
Essa parte é tirada de um diário pessoal, em que, a partir do momento em que resolvo publicar partes dele - tal como as referências à minha mãe -, não posso expurgar o texto de tudo aquilo que é determinante ao longo da vida da pessoa.
Este livro não fala de política, mas a situação merece-lhe comentários constantes. Alguma vez conseguirá livrar-se dessa vivência?
Não. Já nos tempos de antes da crise disse que estava pessimista em relação ao país e que ponderava ir viver para o Brasil. Acho que aconteceu tudo o que eu pensava de pior e, infelizmente, não vejo a luz ao fim do túnel.
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