Rui Veloso voltou a casa para rever os 'Samurais'
O 'pai do rock português' celebrou 30 anos de carreira no Coliseu do Porto, que passou a ostentar uma placa comemorativa
"Estou em casa", exclamou Rui Veloso ao ver a família na primeira fila do Coliseu do Porto. A mítica sala portuense esgotou duas noites para comemorar os 30 anos de carreira do músico portuense e exibe desde domingo uma placa para assinalar a data.
Ao longo de quase três horas de concerto, Rui Veloso brindou o público com um espectáculo de duas partes distintas, com um alinhamento semelhante ao que será apresentado no Coliseu dos Recreios (em Lisboa) no próximos dias 17 e 18 deste mês.
A primeira foi de reencontro com Os Optimistas, formação original que gravou Mingos e os Samurais e com quem Rui Veloso voltou a actuar 20 anos depois para interpretar os temas do álbum que marcou a história da música portuguesa no início dos anos 90 e que hoje será relançado com um CD duplo, com som remasterizado, acompanhado de um DVD de bónus com o concerto de 1990 no Coliseu dos Recreios.
O mote do espectáculo foi dado pelas melodiosas peripécias dos Samurais e do seu vocalista Meno Rock, criados pela dupla Rui Veloso e Carlos Tê; desde a deriva na adolescência patente em Não Há Estrelas no Céu, ao efémero sucesso de A Gente Vai na Digressão, às aventuras no Baile da Paróquia, até ao dia em que Meno passou a ser Arménio e a ser relembrado simplesmente como Um Trolha da Areosa. Se o álbum vale sobretudo pela história muito bem encadeada, na actuação sobressaltaram os solos de guitarra de Rui Veloso, que embalou Morena de Azul ao ritmo do blues, e o coro do público, arrepiante em O Prometido é Devido e Paixão (Segundo Nicolau da Viola).
Passado o intervalo, Os Optimistas deram lugar à formação habitual que acompanha Rui Veloso nos últimos tempos e abriu-se a amplitude de êxitos a 30 anos de carreira. Sucessos como Porto Côvo ou Lado Lunar começaram a surgir em catadupa, tal como os convidados especiais, que tinham em comum o facto de serem amigos e portuenses. Foram então passando pelo palco João Só e Mendes (Azeitonas), Tozé Santos (Perfume), Pedro Abrunhosa e Rui Reininho, que interpretou em duo com Rui Veloso o hino dos GNR Pronúncia do Norte, numa homenagem recíproca em que o público colaborou. O coro de três mil vozes do Coliseu voltou a funcionar na hora de cantar (e sentir, claro está) Porto Sentido, antes de Rui Veloso completar o ciclo dos 30 anos de carreira com um regresso às origens. E terminando a actuação pelo início de carreira cantou Chico Fininho, o freak da Cantareira que tudo começou.