Ladrões levam estreia mundial
Roubo poderá impedir primeira audição completa de obra de Schönberg
O dono da casa dormia no andar de cima quando, às primeiras horas da madrugada, ladrões entraram, neutralizaram o alarme e roubaram um computador portátil. O caso deu-se em Budapeste; o dono da casa chama-se Zoltan Kocsis e é um famoso pianista e maestro; o portátil roubado tinha, entre os documentos guardados, o trabalho concluído de composição do III Acto da ópera Moisés e Aarão, do famoso compositor austríaco Arnold Schönberg. E, o que torna tudo pior, a estreia mundial da ópera com o III Acto composto e orquestrado por Zoltan Kocsis está (estava?) marcada para a Ópera de Budapeste, já a 16 de Janeiro.
A própria vítima, Zoltan Kocsis, é pragmática: a única esperança é uma possibilidade de reconstrução ou, simplesmente, esperar que o portátil seja devolvido.
Arnold Schönberg foi um dos mais determinantes compositores do século XX, responsável pela abolição definitiva da tonalidade na música erudita ocidental. A ele se deve a introdução da técnica dodecafónica de composição nos anos 20, sendo Moisés e Aarão, considerada uma das obras-primas utilizando essa técnica. Schönberg trabalhou na ópera entre Maio de 1930 e Março de 1932, mas por razões que se não conhecem não mais pegou na obra. Deixou completos os actos I e II, mas o III (e último) ficou por escrever, excepção feita a fragmentos dispersos do libreto para uma cena 1.