Morreu B.B. King, o rei dos blues

Músico tinha 89 anos e morreu esta quinta-feira em Las Vegas, EUA. Notícia da morte foi avançada pelo seu advogado.

O músico B.B. King, considerado o "rei dos blues" e que entrou para o "Rock and Roll Hall of Fame" em 1987, morreu quinta-feira na sua casa em Las Vegas, nos Estados Unidos, aos 89 anos, revelou o seu advogado.

No início de abril, B.B. King foi hospitalizado depois de sofrer de desidratação causada pela diabetes de tipo 2 de que padecia há mais de 20 anos, tendo recentemente voltado a ser internado.

Ao longo da sua carreira, B.B. King foi premiado com 15 prémios Grammy, tendo criado um estilo único que o tornou um dos músicos mais respeitados e influentes do 'blues'.

Ao Los Angeles Times, o músico Eric Clapton disse em 2005 que B.B. King era "universal", não podendo ser confinado a um único género musical. "É por isso que lhe chamo um músico global", diz Eric Clapton que publicou no seu Facebook um vídeo com uma sentida mensagem: "BB King a dear friend and inspiration to me...".

B.B. King não conseguia tocar e cantar ao mesmo tempo, tendo sido essa a razão pela qual criou um estilo único de assinatura, em que ao verso cantado se seguia o solo de guitarra. Este elemento, surgido de uma "incapacidade" de King, tornar-se-ia crucial para o 'blues', assim como para o rock que tem raízes neste género musical.

Sempre acompanhado pela sua guitarra Lucille, nome de um dos seus maiores êxitos, o músico norte-americano tornou-se uma autêntica "lenda" em todo o mundo, fundindo os 'blues com o jazz' nos acordes da sua Gibson ES-344. Nos seus melhores anos, B.B. King chegou a dar uma média anual de 342 concertos, conta o LA Times, e mesmo quando a saúde começou a falhar manteve um impressionante registo de atividade artística.

A revista Rolling Stone colocou-o apenas atrás de Jimi Hendrix e Duane Allman na lista de melhores guitarristas de todos os tempos.

Para a história ficam temas como Three O'Clock Blues, The Thrill Is Gone e When Love Comes to Town, em colaboração com os irlandeses U2. B.B. King foi um dos inspiradores do músico português Rui Veloso, que com ele tocou em 1990, realizando um sonho de vida.

Entre os clássicos daquele que é considerado um dos maiores guitarristas da história destacam-se também temas como Payin The Cost To Be The Boss, How Blue Can You Get, Everyday I Have The Blues e Why I Sing The Blues e algumas 'jóias' do início de carreira, como You Don't Know Me, Please Love Me ou You Upset Me Baby.

Tocava a troco de moedas

Riley B. King nasceu a 16 de setembro de 1925 numa plantação de Itta Bena, no Estado norte-americano do Mississípi. Ali começou a tocar, a troco de algumas moedas, na esquina da igreja com a Second Street, até 1947, quando rumou à cidade de Memphis para iniciar a sua carreira musical.

Memphis, uma comunidade musical que reunia todos os estilos de música afro-americana, era a Meca de todos os músicos do sul e King foi ajudado pelo seu primo Bukka White, um dos maestros dos 'blues' daquele período.

A sua atuação num programa de rádio de Sonny Boy Williamson chamou a atenção dos especialistas, tendo iniciado de imediato uma série de atuações na 'Sixteenth Avenue Grill' e na estação de rádio WDIA.

Nesta altura, BB King era conhecido com o nome Beale Street Blues Boy. Mais tarde decidiu chamar-se Blues Boy King e depois B.B. King.

Em meados da década de 1950, King atuava numa sala de 'twist', no Arkansas, quando alguns espetadores se desentenderam e pegaram fogo ao local. King fugiu da sala mas, ao perceber que se tinha esquecido da "sua querida guitarra acústica" Gibson, que custara 30 dólares, voltou para a recuperar.

Mais tarde, B.B. King descobriu que na origem da discussão entre os espetadores estava uma mulher chamada Lucille, decidiu batizar assim todas as suas guitarras que o acompanharam ao longo da sua carreira.

O seu estilo inspirou muitos guitarristas de rock como Mike Bloomfield, Albert Collins, Buddy Guy, Freddie King, Jimi Hendrix, Otis Rush, Johnny Winter, Albert King, Eric Clapton, George Harrison e Jeff Beck.

Em 1969, B. B. King foi escolhido para a abertura de 18 concertos dos Rolling Stones. Mais tarde participou na maioria dos festivais de Jazz por todo o mundo, incluindo o Newport Jazz Festival e o Kool Jazz Festival New York.

Em 1989 fez uma série de concertos pela Austrália, Nova Zelândia, Japão, França, Alemanha Ocidental, Países Baixos e Irlanda, como convidado especial dos U2, participando igualmente no álbum Rattle and Hum, deste grupo, com o tema When Love Comes to Town.

King casou duas vezes. Primeiro com Martha Lee Denton, entre 1946 e 1952, e depois com Sue Carol Hall, desde 1958 até 1966.

O artista deixa 14 filhos e mais de 50 netos.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG