Prémio LeYa para Gabriela Ruivo Trindade
(Atualizada) O vencedor do Prémio LeYa, no valor de 100.000 euros, é o romance "Uma outra voz", de Gabriela Ruivo Trindade, anunciou hoje o escritor Manuel Alegre, presidente do júri.
O júri justificou a escolha - o prémio foi atribuido a uma mulher pela primeira vez - com a "consistência narrativa", nomeadamente "na caracterização das personagens femininas".
O júri salientou também "a originalidade" com que Gabriela Ruivo Trindade "combina o individual e o coletivo, bem como a inclusão da perspetiva do(s) narrador(es) no desenho cuidado de um universo de vastas implicações, mas circunscrito à esfera do mundo familiar ao longo de um século de História".
"A exploração ficcional de registo diarístico e a inclusão da fotografia dão um sinal de modernidade formal" à obra, realçou o júri.
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"Uma outra voz" foi escolhida por maioria, revelou Manuel Alegre.
Aos jornalistas, Manuel Alegre disse que apesar de ser uma escolha cega, isto é, sem se conhecer o autor, "adivinhava-se que fosse uma mulher pela caracterização muito forte das personagens e pela forma como caracteriza uma dada personagem masculina".
Por outro lado, o escritor, rejeitou a possibilidade de ser autobiográfico, apesar de registar factos verídicos.
O escritor realçou que pela segunda vez é dado um prémio a um desempregado - o anterior tinha sido João Ricardo Pereira, vencedor com "O teu rosto será o último", em 2011.
"É algo que nos enche de alegria", rematou.
A autora de "Uma outra voz" vive em Londres, tem 43 anos e é natural de Lisboa.
Segundo fonte do grupo LeYa, o romance será editado "em princípios do próximo ano".
Esta sexta edição do galardão foi a mais concorrida de sempre, tendo-se candidatado 491 originais de 14 países.
O júri do Prémio LeYa 2013 foi o mesmo da edição do ano passado, tendo sido presidido por Manuel Alegre, e do qual fizeram também parte os escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello, o professor da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira, o reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, Lourenço do Rosário, e a professora da Universidade de São Paulo Rita Chaves.
À análise do júri foram submetidas sete obras finalistas que foram avaliadas em regime de "prova cega", isto é, sem saber quem é o seu autor, tendo o critério de seleção à final sido feito pelos editores do Grupo LeYa, explicou à Lusa fonte do grupo editorial.
O primeiro vencedor do Prémio LeYa, em 2008, foi o romance "O Rastro do Jaguar", do jornalista brasileiro Murilo Carvalho.
Em 2009 venceu o romance "O Olho de Hertzog", do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, na edição de 2010 o júri decidiu, por unanimidade, não atribuir o Prémio LeYa, dada a falta de qualidade dos originais a concurso, em 2011 foi distinguido o romance "O Teu Rosto Será o Último", estreia literária do português João Ricardo Pedro, e o ano passado venceu o português Nuno Camarneiro, com o romance "Debaixo de Algum Céu".