Cunha Telles em retrospetiva na Cinemateca
Considerado "figura central" da produção cinematográfica nacional, Cunha Telles vai ser homenageado através do ciclo "Continuar a viver".
António da Cunha Telles, descrito como "a figura central" da produção de cinema português, é o protagonista de um ciclo que começa na segunda-feira na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, e que se prolonga por julho.
Intitulado "Continuar a viver", o ciclo recorda três facetas de António da Cunha Telles, atualmente com 79 anos: a de realizador, distribuidor e produtor, tendo-se destacado sobretudo nesta área.
Ainda assim, o programa começa com "O cerco" (1970), a primeira das seis longas-metragens que Cunha Telles realizou ao longo da carreira.
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Com argumento de Cunha Telles, o filme foi apresentado naquele ano no festival de Cannes, revelando "a extraordinária fotogenia de Maria Cabral", descreve a Cinemateca a propósito da protagonista.
Antes de rodar "O cerco", António da Cunha Telles imprimiu o nome em alguns dos mais importantes filmes da vaga do Cinema Novo, na década de 1960, nomeadamente "Os verdes anos" (1963) e "Mudar de vida" (1966), ambos de Paulo Rocha, "Belarmino" (1964), de Fernando Lopes, e "Domingo à tarde" (1965), de António de Macedo, todos incluídos neste ciclo da Cinemateca.
Esta semana, além de "O cerco", o ciclo apresenta ainda "Meus amigos" (1974), "Vidas" (1983), novamente com Maria Cabral, "Os transportes" (1962), curta-metragem feita com Alfredo Tropa, "Continua a viver ou os índios da meia praia" (1976), "Pandora" (1993) e "Kiss me" (2004), todos com realização de Cunha Telles.
Ainda na produção, destaca-se o filme "Angústia" (1964), de François Truffaut, no qual Cunha Telles foi produtor associado, porque parte do filme foi rodado em Lisboa.
António da Cunha Telles esteve ainda ligado à distribuição, depois de fundar, em 1973, a Animatógrafo, numa "lógica cinéfila", elogia a Cinemateca, responsável pela apresentação em Portugal de filmes "clássicos de cineastas como Sergei Eisenstein, Jean Renoir, Jean Vigo, Roberto Rossellini".
Na Cinemateca serão exibidos, por exemplo, "O dragão da maldade contra o santo guerreiro/António das mortes" (1969), de Glauber Rocha, "Número dois" (1975), de Jean-Luc Godard, e "O último a rir" (1969), de Alain Tanner, todos distribuídos pela Animatógrafo.
Em 2012, Cunha Telles recebeu um prémio Sophia de Carreira, atribuído pela Academia Portuguesa de Cinema.