O centro que está a agitar Nova Iorque

Manhattan. Muitas vezes referida como uma nova mesquita, o projecto do Centro multifuncional situado a dois quarteirões do 'ground zero' inclui  um centro comunitário, auditório, teatro, centro de artes performativas, ginásio, piscina e um memorial às vítimas do 11 de Setembro

Conhecida como a nova mesquita de Manhattan, o projecto do centro multifuncional situado a dois quarteirões do local onde sucumbiram as Torres Gémeas foi formalmente apresentado ao público no final do Ramadão, o mês em que os muçulmanos praticam o jejum ritual e que este ano terminou no final de Setembro.

Da autoria do atelier nova-iorquino SOMA, o projecto, ainda em fase inicial, consiste num centro multifuncional que, para além da mesquita, inclui um centro comunitário, auditório, teatro, centro de artes performativas, ginásio, piscina, campo de basquetebol, infantário, livrais, escola de culinária, galeria de arte e um memorial às vítimas do 11 de Setembro.

O centro, baptizado de Park51, uma vez que se localiza no número 51 de Park Street, situa-se num lote devoluto, onde existiu um edifício classificado do século XIX - originalmente de apoio à actividade naval de um mercador americano - e que ficou destruído com o ataque terrorista às Torres Gémeas.

Ocupando 9300 metros quadrados distribuídos por 13 pisos de altura, o centro procura uma simbiose entre a arquitectura tradicional islâmica e uma estética urbana nova-iorquina.

Para tal, os arquitectos socorreram-se de uma simbologia simultaneamente antiga e modular, que permite uma versatilidade e dinamismo que concilia estas duas abordagens, aparentemente opostas: o hexágono, ou selo de Salomão, composto de dois triângulos invertidos sobrepostos, um símbolo universal comum às tradições cristã, judaica e, claro, islâmica. Qual cânone, é simultaneamente um símbolo sem tempo e de todos os tempos, reforça a equipa projectista.

Usado como um módulo que permite a criação de padrões, o elo de Salomão é aqui utilizado para a composição da fachada principal, sendo contudo fragmentado e redesenhado num padrão aparentemente assimétrico mas totalmente controlado através de regras matemáticas .

Esta fachada é a grande ideia do edifício. Criada em dois planos, um de aço, mais perto da rua, e outro mais recuado, de vidro, resulta num interessante jogo de luzes e sombras e padrões geométricos sobrepostos, que evocam a arquitectura islâmica. O rigor da geometria é atenuado pelo revestimento a branco do aço. Curiosa é também a evocação do véu através da facada padronizada em metal, que reveste e protege a fachada.

Já no interior, o destaque vai, naturalmente, para a mesquita, um espaço de oração que poderá acomodar entre mil e duas mil pessoas e que, segundo o promotor, poderá eventualmente ser usado por outros utentes que não muçulmanos.

Para os promotores e apoiantes do projecto, trata-se da oportunidade da demonstração de valores islâmicos pacíficos para com os EUA. Para os oponentes, uma ofensa às vítimas do 11 de Setembro.

Mas o projecto está em marcha.

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