Washington preocupado com ambição nuclear da Venezuela
O facto de o Brasil ter anunciado um acordo de cooperação nuclear com a Venezuela e a Argentina está a provocar inquietação em Washington, em especial devido à colaboração de Brasília com o regime de Hugo Chávez, Presidente venezuelano. Celso Amorim, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Marco Aurélio Gama, assessor do Presidente Lula para os assuntos internacionais, garantiram ontem que o acordo nuclear com a Venezuela e a Argentina ainda não está assinado. Mas, quando o for, será muito claro sobre a sua aplicação apenas para fins pacíficos, foi garantido por aqueles responsáveis políticos.
As tomadas de posição dos diplomatas brasileiras surgem na sequência de notícias do Washington Post e do Washington Times dando conta das ambições do regime de Chávez em se dotar de energia nuclear. Ontem, citando um responsável dos EUA, o Times dava conta de contactos do Governo de Chávez, em 2004, também com o Irão, um Estado que Washington acusa de utilizar o nuclear para fins militares. Na semana passada, fora o Washington Post a noticiar que Caracas abordara a Argentina no sentido de obter acesso à tecnologia necessária para a utilização do nuclear para fins pacíficos. Na mesma altura, um diário de Buenos Aires, o Clarín, escreviaque o Governo venezuelano quisera comprar um reactor nuclear à Argentina; uma notícia desmentida depois pelo ministro da Energia de Caracas, Rafael Ramirez, que, segundo os media citados, teria feito contactos nesse sentido. Mas, o vice-presidente da Venezuela, Vincente Rangel, admitira, na mesma altura, a negociação com a Argentina de um reactor nuclear de baixa potência para prospecção petrolífera.
Assiste-se, neste momento, a um reforço da cooperação entre o Brasil e a Venezuela em outras áreas, como a construção de petroleiros e plataformas petrolíferas para a empresa estatal do ramo daquele último país, notando-se, por vezes, também a uma certa consonância num discurso crítico a políticas dos EUA.
O Presidente George W. Bush visitará Lula em Novembro, prevendo-se que chame a atenção para um excessivo reforço das relações brasileiro-venezuelanas.
* Com agências