Storyrider, João Kopke mostra a Liga Meo sem filtros

Contador de histórias nato, João Kopke criou o projeto Desfiltrado, uma série na web que mostra os bastidores da liga profissional
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Na antecâmara do Renault Porto Pro, segunda etapa da Liga Meo Surf, os seguidores de João Kopke já contam com mais um episódio de o Desfiltrado. Nesta série, desta vez com o Allianz Ericeira Pro como pano de fundo [a primeira etapa de 2017], João Kopke, de 21 anos, e um dos surfistas habituais da Liga, mostra o lado do surf nacional que só os íntimos da tribo conhecem. As piadas, as pequenas histórias, as personagens. Ou, como Kopke gosta de salientar, "a verdade da Liga Meo", que diz ter pouco que ver com o quadro que os media pintam, mesmo os especializados.

"Quando falei acerca deste projeto com profissionais que costumam recolher imagens ou informação da Liga, disseram-me que seria muito difícil e que os surfistas põem uma máscara quando se liga uma câmara à sua frente", explica João, recordando as circunstâncias curiosas em que a ideia do Desfiltrado tomou corpo: "Estava no supermercado, a fazer as compras com o meu pai, quando partilhei com ele a frustração que tinha com a imagem que os surfistas passavam, ou melhor, com a imagem deturpada como os surfistas eram retratados junto do público. O meu pai, que trabalha em comunicação, perguntou-me porque é que eu não tentava remediar isso. E, assim, mais ou menos perto da secção dos vegetais, nasceu o conceito do Desfiltrado."

O passo seguinte deu-se na etapa da Liga Moche do ano passado, na Costa de Caparica: "Apesar das tais conversas que me tinham desencorajado, agarrei numa pequena câmara e lancei-me ao trabalho. Sem tema, sem história, sem nada."

O resultado foi uma série de imagens soltas que Kopke submeteu à análise de Nuno Bandeira, responsável da produtora White Flag Productions. E a resposta foi de agradável surpresa. "A partir daí, o Nuno Bandeira ajudou-me a montar o vídeo, comecei a adotar temas próprios para cada etapa, fios condutores que ajudam a manter alguma coesão, mas a essência e a razão porque tem resultado é a espontaneidade que consigo captar por ser alguém da tribo. Não me veem como alguém estranho ao meio e isso permite captar a realidade dos bastidores da Liga."

Surfista e músico e poeta e...

Campeão em todos os escalões de formação do surf nacional, presença habitual nos melhores spots de surf do país e competidor regular na Liga Meo, Kopke é, como o próprio assume, "da tribo". Mas não é o surfista típico ou o jovem típico.

Filho de uma professora de piano e de um profissional de marketing e comunicação com paixão pelo desenho e poesia, João Kopke sintetizou muito bem os talentos da família e deu-lhes a sua própria marca. Estudante de contrabaixo e canto lírico no Conservatório de Lisboa por influência da mãe, Lilian, o miúdo irrequieto que trocou a ginástica desportiva pelo surf também gosta de brincar com uma máquina fotográfica, escreve alguma poesia e é frequentemente apanhado a "rabiscar" num bloco de notas, vício herdado do pai, Jayme.

Talentos que refletem uma curiosidade e uma vontade de partilhar histórias que o surfista de Carcavelos tem traduzido em vários projetos além do Desfiltrado. "Felizmente, tenho feito algumas coisas nos últimos anos que me permitem unir duas coisas que me apaixonam: o surf e as histórias", conta.

E, sublinha o surfista que se define como Storyrider [um surfista de histórias], que o surf se presta muito bem a esse papel: "O surf é um catalisador excelente para contar histórias. Porque leva-nos a explorar sítios que nunca vimos em busca da onda perfeita, mas também faz-nos olhar para sítios do quotidiano com outros olhos."

Foi essa perspetiva diferente que levou Kopke, no ano passado, a surfar em pleno Tejo, ao lado da Torre de Belém, num vídeo que chegou aos noticiários do prime time nacional, por exemplo. Para Kopke, resume-se a unir o útil ao agradável: uma maneira de continuar a perseguir o que lhe dá prazer e o realiza, ganhando algum dinheiro com isso. Mas o que o motiva, é claro: "O surf. A viagem. As histórias. O surf é o catalisador para as viagens e é nas viagens que surgem as histórias que quero viver e contar."

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