O estudo "Práticas de Responsabilidade Social no Mundo do Trabalho - Públicos Diferentes, Iguais Oportunidades", que será apresentado quinta-feira no 1º Encontro Temático do Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial (GRACE), conclui que a responsabilidade social ainda não é uma prática comum e generalizada nas empresas. .As investigadoras concluíram também que no caso das empresas que adoptam práticas de responsabilidade social "a dimensão económica é sobrevalorizada em detrimento da social".."Face à progressiva visibilidade da responsabilidade social, a dimensão interna tem sido preterida à dimensão externa. Com a responsabilidade social, as empresas procuram gerar retorno imediato e enquadrar-se numa lógica de mercado", referem.."A dimensão interna da responsabilidade social nas empresas continua a ser o parente pobre, mas em tempos de crise esta é uma área que devia ser acentuada", afirmou à Lusa Ana Cardoso..Num contexto de crise económica, a investigadora sublinha como boa prática, a atenção que as empresas devem ter face a potenciais despedimentos. "Só se deve despedir quando está em causa a sobrevivência das empresas e mesmo nesses casos as empresas devem manter determinado tipo de preocupações, como encaminhar essas pessoas para outras empresas ou orientá-las para uma reconversão profissional", defendeu. .Uma das razões para a dimensão interna da responsabilidade social ser preterida em relação à dimensão externa prende-se, de acordo com o estudo, com a falta de formação dos responsáveis das empresas para esta temática, o que os impede de ter uma visão de longo prazo e de optarem pelas acções de retorno imediato..Nesse sentido, as autoras do estudo constatam que a responsabilidade social nas empresas não integra programas internos de formação..Referem ainda que a fragilidade económica de algumas empresas é "argumento frequente para a não implementação de práticas de responsabilidade social, mesmo quando não envolvem custos directos".."A responsabilidade social das empresas depende, sobretudo, da visão estratégica da empresa, do gestor líder ou mesmo da equipa de recursos humanos ou de formação. Depende ainda fortemente da capacidade de diálogo das estruturas representativas dos trabalhadores (sindicatos, comissões de trabalhadores)", refere o estudo..O clima interno na empresa, ou seja as relações inter-pessoais quotidianas entre os funcionários da empresa, são também decisivas para a responsabilidade social nas empresas, concluem..O trabalho de investigação foi realizado a cerca de uma centena de companhias entre grandes, médias e pequenas empresas na região da Grande Lisboa, afirmou à Lusa a investigadora Ana Cardoso. .ACF..Lusa/fim