Partido que criou o 'apartheid' de regresso à política sul-africana

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Escrutínio. Nova força política tenciona derrotar o ANC no próximo ano

Eleger 50 deputados, incluindo negros, é aposta do Partido Nacional

"Queremos avançar e abarcar todas as raças na África do Sul", disse Juan--Duval Uys, o porta-voz do Partido Nacional (PN), uma encarnação do PN fundado em 1914 e responsável pela política de apartheid que vigorou no país até ao início da década de 90. Uys, que falava aos jornalistas na Cidade do Cabo, garantiu que o novo partido é anti-racial e 85% dos seus simpatizantes são negros.

"Estão fartos da corrupção e da falta de apoio do ANC (Congresso Nacional Africano) e querem aderir a um partido não racial que represente todos e não apenas alguns", diz Uys a tentar justificar a adesão de negros ao partido que foi inscrito no passado dia 5 de Agosto na Comissão Eleitoral Independente, tendo em vista o escrutínio do próximo ano.

A aposta dos negros no partido que tem o mesmo nome e símbolo [sol] daquele que os espoliou e os escravizou durante décadas não é só justificada pela corrupção. "Apesar das sanções, o Partido Nacional entregou um estado moderno ao ANC em 1994, olhem agora para o país. Temos de combater a pobreza a partir do zero", lamenta Uys e garante: "Não seremos o partido de PWBotha. Vamos ser o partido de FW de Klerk, que é ainda amplamente respeitado na África do Sul."

De Klerk, que terá aprovado a ressurreição do PN, foi o último líder branco da África do Sul e o homem que libertou Nelson Mandela, com quem, aliás, recebeu o Prémio Nobel da Paz.

O PN, cujo apoio por parte dos negros é olhado com cepticismo pelos analistas políticos, tem como objectivo eleger 50 dos 400 deputados sul--africanos e ser a principal oposição ao ANC. Execuções públicas para assassinos e violadores é uma das suas propostas de luta contra o crime.

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