O festival alternativo do Verão português
Manda a tradição que, em Agosto, as hostes alternativas rumem ao Minho para o Festival Paredes de Coura. Dantes era a meio do mês, mas em 2008 a data foi alterada para coincidir com o início de Agosto, quando os estudantes já estão de férias e nem todos pensam logo em seguir para as praias. Este ano arranca amanhã, por volta das 22.00, e prolonga-se até à noite de sábado. "Resulta melhor assim", diz João Carvalho, da organização. "Quando mais próximo estivermos deste fim-de-semana mais gente vem."
Tendo em conta o car-taz reunido, a organização está confiante quanto ao seu sucesso. E tem razões para o estar, com cabeças de cartaz como os escoceses Franz Ferdinand, que João Carvalho define como "um fenómeno de massas", os Nine Inch Nails, "naquela que Trent Reznor diz que pode ser a sua última digressão", Jarvis Cocker, "um ícone da música", ou The Hives. Acha por isso "que esta é a melhor edição dos últimos três anos".
A primeira noite é habitualmente informal, e sem nomes de primeiro plano. Mas este ano o primeiro grande nome do cartaz actua já amanhã, no palco After-Hours. Falamos de Patrick Wolf, jovem prodígio indie, bem conhecido pelo público português. Na bagagem traz o recente The Bachelor e actua à meia-noite. Antes tocam The Strange Boys, banda norte--americana entre a o garage rock e a folk, e Sean Riley & The Slowriders, grupo português com os olhos postos na América do Norte que inaugura esta edição do festival.
Não obstante, a noite de amanhã serve apenas de aperitivo para o arranque a todo o gás na quinta-feira. No anfiteatro verde que desemboca no Palco Nokia, principal espaço do recinto, os concertos começam pelas 19.00, primeiro com os The Temper Trap, e depois com os americanos The Pains of Being Pure at Heart, que lançaram este ano um álbum homónimo que gerou um certo burburinho. "São poucas as pessoas que os conhecem, mas vão sair daqui levados em ombros", vaticina.
Exagero? Talvez. Mas não seria a primeira vez que uma banda era descoberta pelos melómanos portugueses, no momento certo, em Paredes de Coura. Basta pensar nos The National e nos Arcade Fire, em 2005. Nuns (ainda) pouco conhecidos Coldplay em 2000, a tocar entre The Flaming Lips e os Mr. Bungle. Ou nos Yeah Yeah Yeahs que trouxeram o seu primeiro álbum, Fever to Tell, a Portugal em 2003, antes ainda da sua Maps se tornar num improvável êxito indie. E a lista poderia continuar.
É precisamente isto que distingue Paredes de Coura dos seus congéneres portugueses. "Isto" é a música e a história, mas também o ambiente do próprio festival. Factores que explicam o seu sucesso junto de um público fiel que este ano esgotou a lotação do principal parque de campismo dois dias antes da música chegar ao Minho. "Ainda há muito espaço, mas as melhores árvores e espaços à sombra já foram ocupados", garante o responsável da Ritmos.
E se é verdade que a internacionalização sempre foi uma aposta da organização, este ano "foram vendidos mais bilhetes para o estrangeiro que nunca". Para Espanha, "o nosso principal mercado", mas também para Israel, Holanda, Dinamarca e Estados Unidos, por exemplo. "Este ano até vamos ter a Radio 3 [emissora pública espanhola] como rádio oficial. É a primeira vez que um festival português estabelece uma parceria como esta".